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Artistas e activistas unem-se por maior investimento na juventude africana

Em Mahébourg, Maurícias, artistas, promotores de eventos artísticos e activistas africanos e europeus reuniram-se, este sábado, para debater sobre o investimento que deve ser imprescindível quando se fala dos jovens e adolescentes. No fórum “Nosso futuro: diálogos África-Europa”, os intervenientes de Maurícias, Moçambique, Quénia, Madagáscar e Tanzania  apontaram problemas e soluções inerentes ao drama da juventude”.

Há várias décadas, o poeta-mor da literatura moçambicana, José Craveirinha, escreveu  “O homem e a formiga”. Neste poema, o autor critica o facto de Humanidade construir arranha-céus modernos e, mesmo assim, haver pessoas que dormem na rua. No mesmo poema, o autor realça a união das formigas, que não se excluem do formigueiro que constroem em colectivo.

Sem nunca ter lido qualquer livro de Moçambique, no segundo dia do fórum “Nosso futuro: diálogos África-Moçambique”, realizado no anfiteatro de Mahébourg, nas Maurícias, o queniano
Dave Ojay, activista e fundador do NAAM Festival, apresentou uma abordagem temática muito próxima a de Craveirinha. Ao ser questionado sobre o lugar da juventude na realidade social do seu país e do continente africano, Ojay referiu ser inconcebível que, actualmente, se gaste milhões de dólares a construir estádios de futebol em detrimento de estúdios, plataformas ou incubadoras juvenis. Segundo lembrou, a maior densidade populacional em África é jovem. Portanto, “Os jovens são o presente e o futuro das nossas sociedades”. Pelo que, segundo acrescentou, as autoridades nacionais devem dedicar à juventude toda atenção e deixar de a encarar com desconfiança.

Para os artistas e activistas, que debateram durante duas horas sobre o tema “Jovens do Sul global: fazer nossas vozes serem ouvidas”, o bem-estar social passa pela inclusão e por projectos de inserção. Em parte, foi nessa condição que  Withney Sabino interveio no fórum.  A artista multidisciplinar e activista moçambicana, primeiro, fez uma apresentação panorâmica em prol da rapariga, em Moçambique, com a iniciativa Manas, de que é fundadora. Trata-se de um projecto feminista e, fundamentalmente, de desenvolvimento humano.

De seguida, Withney Sabino apontou para uma situação recorrente, quando se fala de iniciativas de desenvolvimento da juventude: a incoerência dos intervenientes. Especificamente, “Um dos problemas do Sul global é que enfrentam o constrangimento do Norte global financiar governos que oprimem a juventude”. Essa mesma juventude, busca financiamentos para a concretização de projectos de desenvolvimento. Nesse contexto, as dificuldades são enormes porque, para muitos líderes, antes vale milhões de dólares no bolso de um corrupto do que na conta de uma instituição juvenil que aplica o que possui em causas sociais.
Dito de outro modo, o tema da corrupção e do desvio de fundos destinados aos projectos dos jovens fez parte do debate. Segundo disseram os artistas, a transparência da gestão dos recursos é indispensável, sob pena de os próprios activistas acabarem corruptos tal como as lideranças políticas que criticam. Ao invés disso, concordaram
Tsimihipa Rindra e Anja Rado, activistas de Madagáscar, a questão do respeito pela situação socioeconómica, cultural e etária dos jovens dos jovens, combinada com a valorização dos seus direitos, deve ser observada.

Sublinhando as percepções do debate, a líder do projeto, a mauriciana Gaëlle Tossé, ainda realçou que é na juventude que o talento e a criatividade se revelam. “Os jovens podem mudar o mundo com inovação e  reciprocidade. Se não forem respeitados os seus direitos e serem coarctadas  as suas virtudes, sonhos e liberdades, podem-se tornar adultos falhados.

O debate “Jovens do Sul global: fazer nossas vozes serem ouvidas” foi preparado pelos artistas e activistas na sexta-feira, em jeito de workshop com inscrições limitadas, de modo que fosse apresentado ao público em geral este sábado. Entre as principais perguntas colocadas à reflexão, constam as seguintes: “O que podemos dizer dos jovens da periferia, dos do Sul ou dos pequenos Estados insulares cuja visibilidade é mínima? Como fazer ouvir a sua voz quando se tem 18, 25 ou 35 anos e se vive nestes territórios? Que impacto essa voz pode ter?”.

O encontro entre artistas, promotores de eventos e activistas africanos e europeus arrancou sexta-feira e termina este domingo à noite. A inicitiva do Instituto Francês de Paris e do Instituto Francês de Maurícias e parceiros  está a realizar-se entre Rose Hill e Mahébourg.

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