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Arrancou contagem de refugiados moçambicanos no Malawi para repatriamento

Foto: O País

O processo de repatriamento de refugiados moçambicanos de Malawi para Moçambique poderá ser concluído dentro de 45 dias. A garantia foi dada por César Tembe, director nacional para Prevenção e Motivação no Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD).

Trata-se de moçambicanos que se refugiaram em Nsanje, no Malawi, provenientes de Moçambique, distrito de Morrumbala, província da Zambézia. Na altura, estimava-se que eram cerca de 2500 famílias instaladas naquele ponto e acomodadas em nove centros de acolhimento.

O processo de repatriamento dos refugiados no Malawi está dependente da contagem que visa apurar quantos são, efectivamente, os moçambicanos que ainda permanecem naquele país.

Cálculos mais actualizados de refugiados que saíram do distrito de Morrumbala, na província da Zambézia, região Centro do país, para o Malawi, remetem para uma redução de 2500 para 1600 famílias, o correspondente a oito mil pessoas.

Os novos dados foram apresentados depois de um encontro de trabalho ocorrido hoje, envolvendo uma delegação moçambicana destacada para o Malawi, responsável pelo processo de repatriamento das famílias para as zonas de origem. O referido encontro foi com a contraparte malawiana, concretamente, o Governo do distrito de Nsanje.

Na reunião, as partes acordaram o início do processo de repatriamento que deverá obedecer a várias fases, entre as quais, a de contagem das pessoas e de confirmação das zonas donde cada uma das famílias saiu e para onde quer ir e ficar assim que regressar a Morrumbala.

Foram discutidos também, no encontro, os mecanismos de repatriamento, isto é, se serão usados autocarros, ou a mesma via pela qual entraram naquele país, através de embarcações tradicionais.

O referido processo de repatriamento, de acordo com o responsável da delegação moçambicana no Malawi, César Tembe, deve durar pelo menos 45 dias.

“Acreditamos que o processo de repatriamento poderá levar entre 30 a 45 dias. Antes do repatriamento, precisamos de ter certeza dos números, porque muita gente já regressou ao país”, disse o responsável.

Durante a reunião que ocorreu esta quarta-feira, a contraparte malawiana questionou a delegação moçambicana por que está a repatriar os moçambicanos em vez de lhes entregar alimentos e utensílios, no Malawi, para o benefício de todos. Sobre o assunto, César Tembe fez saber que, durante os eventos ciclónicos, a provisão de insumos entre vários apoios às famílias é feita por vias de muitas organizações. “Por isso, é bom que os nossos compatriotas regressem para juntos iniciarmos o processo de reconstrução, desde casas, machambas e tudo quanto for necessário”, precisou.

Sobre o repatriamento dos moçambicanos, o administrador de Morrumbala, João Nhanbessa, que integra a comitiva ao vizinho Malawi, reagiu pela primeira vez. Fez saber que o Governo, ao mais alto nível, sempre esteve atento e a prestar o devido apoio. Penso que, para um assunto desta magnitude, não se pode resolver em departamentos. O Presidente da República, os ministros e vice-ministros, incluindo a respectiva presidente do Instituto Nacional para Gestão e Redução de Riscos de Desastres (INGD), sempre mostraram preocupação. Quero lembrar que a respectiva presidente esteve aqui, no Malawi, onde interagiu com as famílias e até deixou víveres”, disse o administrador distrital de Morrumbala.

O administrador garantiu ainda que, actualmente, estão disponíveis, no país, 2300 talhões para atribuição às famílias, assim que regressarem. “Temos condições de terra para atribuir. Veja que o número de talhões que temos é, de longe, superior ao número de famílias que precisam de apoio do Governo de Moçambique”, indicou João Nhanbessa.

O cônsul de Moçambique em Blantyre, cidade do Malawi, André Matusse, fez saber que, nesta fase, a saúde dos moçambicanos é estável e não há registo de casos de doenças graves. “Tirando a questão da nutrição que preocupa as famílias, não temos casos preocupantes. Registamos, aqui, casos de malária, entre outras doenças, mas nada grave. Pontualmente, as pessoas têm sido tratadas ”, finalizou.

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