Argélia reitera a sua total disponibilidade para continuar a manter e desenvolver as relações de cooperação especial com a França.
O chefe da diplomacia francesa considerou, na quarta-feira, que o apoio da França ao plano de autonomia marroquino para o Saara Ocidental é um passo “natural”. Além disso, existe um “consenso internacional”, em torno da iniciativa, que Marrocos apresentou em 2007, depois de o Presidente Francês ter dirigido uma carta ao rei de Marrocos formalizando este apoio.
A mudança da posição de Paris gerou uma reacção das autoridades argelinas, que anunciaram a retirada do seu embaixador, acreditado em Paris. Na altura, o chefe da diplomacia da Argélia, Ahmed Attaf, garantiu que este “é um primeiro passo que será seguido por outros”.
As mesmas decisões e ameaças de retaliações tinham sido avançadas pelas autoridades argelinas, há dois anos, em Novembro de 2022, quando a Espanha tomou, na altura, uma decisão semelhante ao apoio actual de Paris.
Em Novembro de 2022, a Argélia rompeu o Tratado de Amizade, Boa Vizinhança e Cooperação entre os dois países, interrompendo, assim, o tráfego comercial e retirando o seu embaixador acreditado em Madrid.
A Espanha, por sua vez, reagiu dizendo que lamenta a suspensão do tratado de cooperação e que “considera a Argélia um país vizinho e amigo, e reitera a sua plena disponibilidade para continuar a manter e desenvolver as relações especiais de cooperação entre os dois países”.
Meses depois, no contexto do complicado tabuleiro de xadrez do Magrebe e da dependência argelina do mercado e economia espanhóis, o embaixador da Argélia regressou discretamente à Madrid. Nessa altura, o fluxo comercial e os voos comerciais foram normalizados.
Na semana passada, o ministro argelino do comércio, Tayeb Zitouni, apelou o reforço das relações comerciais com a Espanha.
O tempo das ameaças e retaliações não durou muito com Madrid, mas será que vai durar mais com França com a qual a dependência é de outra altura, e onde se localiza a esmagadora maioria dos investimentos argelinos?
Um detalha da história: a Argélia nunca reagiu, ao passo que os Estados Unidos da América adotaram, em 2020, como muitos outros países, a posição actual da França e da Espanha.