Manhã cedo, partia da zona do Aeroporto de Maputo, dispensando os transportes públicos. Saía com uma sacola a tiracolo até à baixa da cidade… a correr! Era o treino matinal, que fazia de preferência nas estradas, correndo como um pardalito livre. Fazia o atletismo por prazer. Daí que nas pistas, tudo ficasse facilitado face aos exigentes programas que a ele e aos colegas eram impostos.
Quem não viu correr António Repinga, não conheceu o maior fundista moçambicano de todos os tempos. Na sua época, para além das provas de pista haviam com frequência corta-matos, além das tradicionais Léguas 24 de Julho e do Natal. Tornou-se símbolo das corridas longas no nosso país, e nas poucas deslocações ao estrangeiro, também fazia aquilo o que mais gostava: ganhar!
Uma vez nos CFM, envergava o seu fato de trabalho, para se empenhar com afinco na labuta, como operário.
Não se fartava de correr
Corria que se fartava e não se fartava de correr. Rivalizava com Fausto Archer e mais tarde com Francisco Ducodo, a quem vencia regularmente. Uma vez dado o tiro de partida, o fundista locomotiva tomava a dianteira – dizia que não gostava de ser incomodado – deixando aos adversários directos a disputa do segundo lugar.
Acabou transformando-se num autêntico “papa-léguas”. A sua especialidade eram as provas de fundo, especialmente os 5 mil e 10 mil metros. Terminava fresco e não queria boleia para casa. Tudo leva a crer que seria, nos tempos que correm, imbatível na Maratona, tal a sua apetência pelas grandes distâncias.
O seu gosto por correr em todos os momentos, tê-lo-á traído pois ao pretender apanhar um comboio em andamento, escorregou e acabou sendo trucidado. Foi desta forma triste que acabou a carreira e a sua vida de António Repinga, a quem o Governo, merecidamente, atribuíu o seu nome ao circuito da baixa de Maputo.