A Igreja Anglicana realizou, na manhã desta sexta-feira, um culto memorial em homenagem a Desmond Tutu, Arcebispo Emérito da Cidade do Cabo.
O culto foi presidido por Dom Carlos Matsinhe e pregado por Dom Dinis Sengulane, que, na ocasião, recordou Desmond Tutu como um homem de sorriso sincero, coração puro, de grandes ensinamentos e amigo de Moçambique.
“O Arcebispo Tutu era grande amigo de Moçambique, nós podemos dizer que moçambicanizou a Igreja Anglicana na África do Sul, por ter pegado em alguns dos hábitos ou maneira como cantamos e encorajar nas missas, para que cantassem moçambicanemente”, recordou.
Segundo Dom Dinis Sengulane, das quatro vezes que visitou Moçambique, Tutu deixou ensinamentos de que era preciso chorar, amar, rir e orar. O Arcebispo Emérito da Igreja Anglicana em Moçambique ainda se lembra de uma das frases que mais o marcaram.
“Ou todos morreremos ou todos nos salvaremos por nos tratarmos como irmãos, ou todos vamos morrer como idiotas se nos odiarmos um aos outros ou se nos ignorarmos uns aos outros”, citou Sengulane, que acredita que “ele agora está certamente a caminho de receber a sua coroa da glória”.
Por sua vez, Dom Carlos Matsinhe disse que há mistura de emoções no coração dos crentes, que puderam conhecer Desmond Tutu. Uma de felicidade, pois sabem que o Arcebispo foi descansar junto do Pai Celestial e o momento é para ter força e esperança.
Por outro, Dom Carlos Matsinhe fala de tristeza e um vazio.
“Há um vazio por se ter calado uma voz, que galvanizou muitas ideias, muitas almas e muitas forças, de tal maneira que, com o apoio e ensinamentos, foi possível alcançar grandes vitórias, especialmente na área de paz e reconciliação entre os povos da África do Sul, em particular”.
Segundo o Bispo, os momentos de aprendizagem do Arcebispo servem de desafio: colocá-los em prática. Fazer com que a igreja de hoje se espelhe e pratique os ensinamentos de Tutu, que haja vozes proféticas, tão fortes quanto a do Arcebispo.
“Outro desafio é fazer com que a igreja de hoje ajude os povos a caminharem em direcção à verdadeira liberdade, igualdade, amor, perdão, enfim, o progresso que foi o que Deus quis quando criou e colocou o homem aqui, na terra. Somos desafiados, mas também inspirados pelos seus ensinamentos e devemos seguir o exemplo, pois o mesmo Deus de Desmond irá ajudar-nos a melhorar a vida humana”.
Com o culto memorial, a Igreja Anglicana em Moçambique pretendia juntar-se a outros crentes, na África do Sul e no mundo, que oram pela alma do Nobel da Paz.
Após a missa memorial, Dom Dinis Sengulane foi à Cidade de Cabo para participar presencialmente das exéquias fúnebres de Desmond Tutu, a ter lugar este sábado.