Moradores de Makhatine, Vundissa e Boquisso, na província de Maputo, clamam pela construção de estrada no troço que liga os três bairros à Estrada Nacional número um. Entretanto, a Administração Nacional de Estradas diz que precisa de 60 milhões de dólares para a construção da infra-estrutura, valor que ainda não tem.
Covas…buracos…poeira dão “boas vindas” a todo aquele que queira chegar a Moamba a partir passando pelos três bairros. E não é para menos. Afinal de contas, são 60 quilómetros de terra batida…mais de duas horas de viagem…e quem já não aguenta com a situação são os moradores que, diariamente, fazem o uso daquela via para chegarem aos seus destinos. Alguns automobilistas ouvidos pelo “O País” lamentam a situação da via e pedem a intervenção de quem é de direito.
“A situação da estrada está muito caótica. Eu cheguei aqui a convite de um amigo, numa de que me estava a mostrar um novo bairro e em condições para habitar, mas desde que cheguei nada está a mudar no que diz respeito à estrada” lamentou Samuel Gove, utente daquela via.
O sofrimento é tanto que os automobilistas são sempre exigidos a inspecção de viaturas que, no seu entender, não faz muito sentido, pois a via não oferece condições.
“Estamos a castigar os nossos carros e a suspensão sempre vai à falência e a exigência pelo caminho no que tange à inspecção é maior. E sempre somos ditos que não fazemos inspecção das viaturas, mas mesmo que faça inspecção, depois de uma semana tudo volta na mesma”, disse João Vasco, visivelmente, indignado.
Se por um lado os particulares reclamam a degradação das suas viaturas, por outro os transportadores de passageiros somam mais prejuízos e acabam tomando medidas extremistas: retirar as suas viaturas naquela rota.
“Muitos carros passam mal. Partem molas. Carros da minha empresa alguns já estão estragados. Dois deles estão arrumados e como vê, sou o único que estou a trabalhar. Os passageiros acabem ficando muito tempo na paragem e não há carro”, revelou Hélder Manuel.
Num outro desenvolvimento, Hélder Manuel disse que em tempos chuvoso a situação fica mais complicada ainda. “Se sem chuva são poucos os carros que operam nesta rota, com ela a situação piora. São apenas quatro carros da minha empresa que carregam passageiros e os outros estão paralisados. E estes que operam levam mais tempo para chegarem aos seus destinos”.
E quem sofre com esta situação, são os passageiros. As senhoras, Esmeralda Zeferino e Elvira Gabriel, residentes no bairro Mukhatine, contaram à nossa reportagem que chegaram na paragem por volta das 07H e até à altura da nossa saída (12H) não haviam apanhado transporte que lhes levasse ao seu destino. Estas contaram, igualmente, que recorrem a carros que transportam lenha para poderem chegar a Vundissa. Aliás, os poucos autocarros que aparecem, sempre estão lotados.
Chamado a reagir sobre a reclamação dos moradores, a Administração Nacional de Estradas revelou ao nosso jornal que precisa de cerca de 60 milhões de dólares para a construção de 60 quilómetros de estrada naquele troço, valor que ainda não possui.
“Isso carece da disponibilização de orçamento para a materialização do projecto. E não posso avançar com datas porque ainda não fomos informados sobre o orçamento para este ano. Então é difícil dizer que vamos executar as obras este ano ou não”, referiu Osório Muianga, porta-voz da Administração Nacional de Estradas.
Mesmo sem datas para a execução da obra, a Administração Nacional de Estradas avançou que a solução ideal para aquela via seria uma estrada de pavimento devido ao maior fluxo de viaturas que passam diariamente.