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Analistas defendem que o Banco de Moçambique deve prestar contas aos moçambicanos

Analistas do Noite Informativa defendem que o Banco de Moçambique precisa ser mais transparente em relação aos problemas que são de interesse público. Moisés Mabunda, Fernando Lima e Samuel Simango foram unânimes em dizer que o Banco Central tem uma postura impositória e de não prestação de contas.

Há algumas semanas, os Bancos Comerciais foram afectados por apagões nas suas redes, provocando falhas nas suas transações, entretanto, o Banco Central não deu nenhum pronunciamento em relação ao assunto.

Fernando Lima diz que o Banco de Moçambique não é um bom exemplo como regulador e deve tomar como exemplo alguns bancos internacionais. “Eu acompanho os posicionamentos do Banco de Reserva dos Estados Unidos, do Banco Reserva da África do Sul, eles não fazem pronunciamentos todos os dias, mas fazem sempre que há um assunto que deve ser tornado público ou que deva ser comentado, para garantir que haja estabilidade no mercado”.

Lima disse ainda não acreditar que a responsabilidade do sistema eletrónico das transações da banca moçambicana seja culpa dos bancos comerciais. “Nós Falamos com os Bancos ao nível dos seus conselhos de administração, e eles não estão nada confortáveis com as acusações feitas pelo Banco Central. Inclusivamente, os Bancos Comerciais neste momento põem em causa se o sistema da Euronet é o melhor, e se tem a capacidade para fazer todas as transações dos bancos comerciais e as transações de telefonia móvel”.

O analista falou ainda das diversas humilhações a que os bancos comerciais são submetidos, visto que, todos os meses, os bancos têm de reportar negações em termo de confirmação dos seus administradores.

Fernando Lima não parou por aí, fez menção também ao Black Out de 48 horas e a intervenção de dois dirigentes, um do Standard Bank e outro do BCI, que foram “pesadamente sancionados”, depois de intervir para resolver a situação. Por esta razão, Lima considera que há problemas graves nas sanções que o Banco Central tem aplicado aos bancos comerciais.

Moisés Mabunda, partilhando do mesmo pensamento, acrescentou que o Banco Central tem apresentado uma grande falta de abertura. Mabunda fez menção ao encontro entre o Banco de Moçambique e os bancos comerciais, no qual se esperava que fossem tratados assuntos ligados aos problemas dos bancos comerciais, o que não aconteceu.

A série de problemas que assolou os bancos comercias resulta, segundo Mabunda, de falta de comunicação. “Creio que seja falta de comunicação. E parece-me que é uma postura habitual do Banco Central, tanto é que tem um clima tenso com a Assembleia da República”.

Samuel Simango explicou que o Banco Central carece de monitória para que possa servir aos interesses dos moçambicanos.

“O Banco de Moçambique é o banco dos moçambicanos, não é privado, visa, acima de tudo, garantir que os dinheiros da economia moçambicana, as políticas monetátrias sejam salvaguardadas, para que tenhamos um banco pujante, um banco capaz de ser útil para a economia nacional, entretanto, para que isso aconteça, há necessidade de serem buscadas formas de fazer a monitoria deste banco. sendo um banco de todos nós, este banco precisa prestar conta aos moçambicanos, e o melhor lugar para isso é na Assembleia da República”.

Disse ainda que o Banco de Moçambique deve adoptar a postura dos vários bancos centrais que fazem a prestação de contas. “Temos a experiência dos outros bancos que comunicam muito mais as suas sociedades, inclusive, temos a questão do Banco Central Europeu que presta contas ao poder representativo da Europa”.
“Eu acredito que a Assembleia da República precisa de fazer algo para obrigar o Banco Central a ser o banco dos moçambicanos, não quero com isso dizer que banco deva aparecer todos os dias a falar das suas estratégias, mas das comunicações que de facto preocupam as pessoas”, encerrou Simango.

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