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Alunos “gazetam” primeiro dia das aulas em Maputo

Foto: O País

O primeiro dia de aulas, em algumas escolas da província de Maputo, foi marcado por total ausência de alunos. O atraso na divulgação das listas pode ser uma das razões.

Em algumas escolas que a nossa equipa de reportagem visitou encontrou o mesmo cenário, caracterizado por silêncio, salas de aula vazias e professores sem trabalho, num dia em que se esperava que fosse o início das aulas referentes ao ano lectivo 2022.

Na Escola Primária da Machava, por exemplo, encontramos apenas duas crianças, da 2ª e 3ª classes, bem trajadas e prontas para as aulas, mas tiveram que regressar às suas casas.

As outras vinham para consultar as listas que, segundo alguns encarregados, foram afixadas tarde.

“Nós estivemos cá, na reunião de abertura do ano lectivo, mas as listas ainda não estavam disponíveis, por isso voltamos aqui hoje (1), para saber onde as nossas crianças irão estudar”, disse uma encarregada.

As escolas, com baldes para lavagem das mãos distribuídos, pretendem garantir que não sejam foco de transmissão da COVID-19. No entanto, ainda há muito receio, principalmente por parte de quem tenha crianças menores.

“Tenho uma criança de seis anos, que entra para a primeira classe. Não será fácil deixá-la na escola, pois, apesar das coisas que lhe ensinamos para se proteger, aqui há muitas crianças e podem contaminar-se. Mas, não temos outra alternativa, elas têm de estudar”, disse Ema Chaúque, encarregada de educação.

Na Escola Primária 19 de Outubro, os professores estiveram desde as primeiras horas, mas até às 13 horas nenhum aluno tinha sequer passado pelo portão.

“Nós estamos aqui para trabalhar. Os alunos é que não vêm, desde que amanheceu”, disseram algumas professoras que estavam sentadas a conversar.

Berta Olimene, directora da Escola Machava-Sede, disse que o estabelecimento está pronto e os professores preparados para dar aulas, porém os alunos é que não aparecem, talvez por ser o primeiro dia.

“Eu estive reunido com os professores para perceber o que estava a acontecer, mas nada percebemos. Eles dizem que só receberam de 2 a 3 alunos, mas outras turmas não receberam ninguém. Ainda assim, estamos aqui para trabalhar. Queremos pedir que os pais mandem os seus filhos à escola”, disse Olimene.

Cenário semelhante foi vivido na capital do país. Na Escola Primária Avenida das FPLM, por exemplo, registou-se alguma afluência, sobretudo de alunos da primeira classe. Mas o receio era indisfarçável por parte de algumas mães.

Crianças choravam e as mães seguravam-se para não fazer “cair na mesma onda”, pois era a primeira vez em que estes ficariam num “lugar estranho, com pessoas estranhas”.

“Foi de cortar o coração. Até agora, não consigo sair da escola, pois não sei se a minha filha irá ficar bem ou não”, disse Neusa Suzete, mãe de Sofia.

A gestão da pandemia na escola faz parte da lista de preocupações dos pais, pois “apesar dos baldes de água e tudo que se diz, quem me garante que estará tudo bem assegurado? São 25 a 30 crianças por turma, não sei se o professor terá capacidade para controlar todas as crianças, afinal são crianças”, acrescentou, desesperada, a encarregada.

No entanto, a directora da escola garante haver condições sanitárias de prevenção da COVID-19.

A abertura do ano lectivo 2022 teve lugar a 31 de Janeiro, em todo o país e, segundo o calendário escolar, estava previsto o arranque das aulas na terça-feira, 1 de Fevereiro de 2022.

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