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Alunos embebedam-se e drogam-se nas escolas públicas da Província de Maputo

Foto: O País

Há cada vez mais alunos que consomem bebidas alcoólicas e drogas nas escolas públicas da Província de Maputo. No primeiro trimestre deste ano, foram desintoxicados e tratados pelo menos 174 alunos, contra 30 em igual período do ano passado, segundo o Gabinete Provincial de Combate às Droga.

A Escola Secundária de Muhalaze, localizada no interior do bairro com mesmo nome, no Município da Matola, Província de Maputo, está a tornar-se palco de imoralidades e desordem que culmina com actos criminais. Naquela instituição de ensino, acontece um pouco de tudo: alunos embebedam-se e drogam-se. Os relatos foram trazidos à superfície pelos próprios alunos.

“Aqui, vive-se mal, acontece tudo – bebem, fumam e roubam as nossas coisas”, disse um aluno da oitava classe que estava debaixo duma mafurreira rodeado por outros colegas, mas, no chão, estavam espalhadas embalagens vazias de bebidas alcoólicas de diversas marcas e com alto teor do álcool.

Uma adolescente que frequenta a nona classe secundou as palavras do colega: “Aqui, bebe-se muito e consome-se muita droga. Há uma barraca azul onde vão comprar e bebem aqui na escola”, contou a adolescente que também mencionou casos de violações, que ocorrem quando regressam às suas casas e apelou para a alteração de uniforme, para que possam usar calças em vez de saias, pois, no seu entender, facilitam a acção dos violadores.

Nas obras inacabadas, além de consumirem drogas, há orgias entre alunos, violações, agressões e roubos. Os moradores contam que têm feito esforços para conter o problema e os crimes protagonizados por alunos menores de idade, mas em pouco resulta.

Sérgio Zucula, residente de Muhalaze e membro da estrutura do bairro, diz ser preocupante e grave o problema que se vive na sua área de jurisdição: “Há, aqui, violações e consumo de drogas, quer por meninos, quer por meninas, que acabam por se viciar”.

Cansados dessa situação, entendem que a instalação de um posto policial nas proximidades pode devolver tranquilidade à escola e, consequentemente, um ambiente de segurança ao bairro. “A medida de solução que podíamos ter aqui é a instalação de um posto policial; os agentes podiam ajudar-nos a colmatar o problema”, disse Gildo Chiluvane, também residente daquele bairro.

A Direcção Provincial de Educação em Maputo reconhece que o fenómeno afecta quase todas as escolas públicas da província e diz estar em coordenação com outras instituições para estancar o mal.

“Estamos a trabalhar em coordenação com a Polícia, mas nem as autoridades policiais podem conseguir resolver isto sem a comunidade. O que acontece é que estes alunos são aliciados fora, consomem bebidas alcoólicas e drogas fora e entram para o recinto da escola já em estado alterado”, confirmou José Luís, porta-voz da Direcção Provincial da Educação na Província de Maputo.

Há nove anos, o Governo introduziu um regulamento para impedir a venda de bebidas alcoólicas nas proximidades de escolas, mas, até hoje, o problema persiste.

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