Tudo começou no passado dia 16 de Janeiro deste ano, quando a vítima, de 21 anos de idade, estava numa festa.
Na referida festa, um dos indiciados, identificado apenas por Hélder, agente do Serviço Nacional de Investigação Criminal, teria pedido à vítima que fosse guardar os seus óculos para não se partirem, pois já estava num estado avançado de embriaguez, tendo a vítima se prontificado em ajudar.
No quarto, a vítima decidiu deitar-se na cama, pois, segundo conta, sentiu um cansaço fora do comum e acreditou que fosse pelo consumo de bebidas alcoólicas.
Sucede que, instantes depois de ela se deitar, Hélder, um dos indiciados, entrou no quarto e foi para cima dela, com um lençol que colocou na boca da mesma para evitar que ela gritasse.
Nesse mesmo instante, o outro indiciado, identificado por Obadias, membro do Serviço Nacional de Salvação Pública, também foi ao quarto e tirou-lhe a roupa íntima e violaram-na sexualmente.
Imobilizada por Hélder e com um lençol na boca, a vítima tentou gritar, mas ninguém a ouvia, porque, do lado de fora, a música era alta.
Instantes depois, entrou uma pessoa no quarto, identificada apenas por Egídio, agente do Serviço Nacional de Investigação Criminal, que, vendo o que estava a acontecer, juntou-se aos dois violadores.
A vítima conta que, no dia seguinte, pretendia ir ao hospital, mas foi impedida por um dos agressores que a ameaçou de prisão e até de morte.
Quando a vítima questionou o violador como iria resolver a situação, uma vez que ela sofria de dores, Egídio disse que tinha um amigo médico e que lhe poderia a tratar sem que fosse ao hospital
Inconformada com a situação em que se encontrava e depois de ouvir conselhos de uma amiga, a vítima decidiu submeter, a 18 de Janeiro, queixa na segunda esquadra da PRM na cidade de Inhambane, e contou ao “O País” que, ao chegar à esquadra, teria sido maltratada pelos agente em serviço, que a impediam de prestar queixa à Polícia.
Mas, por sorte, um outro agente afecto à mesma esquadra reconheceu-a e prontificou-se a falar com o colega da permanência de modo a atendê-la, o que veio a acontecer. Foi-lhe dada uma guia para realizar exames médicos.
Tendo recebido a guia de requisição hospitalar, dirigiu-se ao hospital onde se constatou, segundo o laudo médico na posse do “O Pais”, que realmente houve violação sexual.
Quando os violadores tiveram conhecimento de que ela se fez presente à segunda esquadra, as ameaças retomaram e, desta vez, com maior força e afirmaram que ela e a mãe perderiam emprego e ela iria presa, porque eles ostentam altas patentes na PRM.
Apesar de o caso ter acontecido no dia 16 de Janeiro, só no dia 12 de Fevereiro é que a Polícia decidiu agir, depois de muita pressão.
Na última sexta-feira, a Polícia deteve cinco pessoas, das quais dois agentes do SERNIC, dois do SENSAP e um do SENAMI. Entretanto, o “O País” ainda não sabe qual é o grau de participação no crime das outras duas pessoas que também estão detidas.
Contactado pela nossa equipa de reportagem, o porta-voz do SERNIC, Alcéres Cuamba, remeteu-nos ao comando provincial da Polícia.
O porta-voz da PRM, Juma Dauto, em contacto telefónico com o “O Pais”, confirmou a detenção dos referidos agentes em conexão com o caso e prometeu dar mais detalhes na segunda-feira.