O Presidente da República diz que o continente africano não pode ser visto com pessimismo. Filipe Nyusi defende a independência dos países, para escaparem da pressão dos interesses dos antigos colonizadores. O chefe de Estado falava durante um painel no Africa CEO Forum.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, foi um dos participantes da décima-primeira edição do Africa CEO Forum Ruanda 2024, uma cimeira económica de gestores de topo das maiores empresas que operam em África, que decorreu, na capital ruandesa, Kigali, entre quinta e sexta-feira últimas.
No segundo dia do encontro, Filipe Nyusi orientou um painel com o tema “Investir em Moçambique”, onde deixou recados ao mundo.
“Existem filósofos africanos, um é ugandês, outro é dos Camarões, que dizem que nós não devemos ver o continente africano no pessimismo, no ângulo sempre negativo. Temos que vê-lo (o continente) também no ângulo de dinâmica, porque ele está dinâmico, é um continente que se libertou da subjugação colonial e onde ainda existem interesses dessa colónia; a pressão tem sido maior e é difícil concluirmos se o que fazemos é bom naquele momento”.
Recados a parte, Nyusi disse à plenária que o seu país é seguro o suficiente para investimentos, mas não deixou de reconhecer a crise vivida na zona norte.
“Em Moçambique, de facto, como bem disse, na zona norte, onde estamos a explorar os recursos minerais (hidrocarbonetos), entrou o terrorismo, que começou em 2017. Em 2021, foi o apogeu, onde houve mais problemas e os projectos macroeconómicos na zona tiveram dificuldades de continuar, destacou o PR.
O chefe de Estado garantiu que apesar dos desafios, os investimentos no país não param, aliás, tendem a aumentar.
“Mas depois disso, nós, com o apoio dos nossos irmãos do Ruanda, em muito pouco tempo conseguimos repor (a ordem) e tivemos ainda o apoio da SADC, através da SAMIM. O terrorismo é uma força que não se combate sozinho, mas de uma forma colectiva, conjungada e integrada. Aliás, há exemplo de quase todos os países, mas nós conseguimos conter a situação”.
O chefe de Estado afirmou que a situação está muito melhor em relação a 2021, muito melhor que em alguns países africanos onde se explora diferentes tipos de recursos.
PR faz balanço positivo da participação no Africa CEO Forum
Já no balanço, Filipe Nyusi diz que os dois dias da conferência foram produtivos e, entre outros pontos, a retoma das actividades da Total Energies foi, também, abordada.
“Ele (CEO da Total Energies) explicava sobre o trabalho em curso com os seus empreiteiros, estava a explicar, o âmbito do financiamento, porque quando um projecto pára ou encalha, acarreta custos. Eles não nos colocam condições para retomar (façam isto, façam aquilo), talvez devêssemos nós dizer que se não avançarem terá alguma implicação”.
O chefe de Estado moçambicano esteve acompanhado pelo ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, e pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Manuel Gonçalves.