O ciclone tropical Gombe passou, mas ficaram os danos. Nampula foi a província mais afectada, com um saldo de 15 óbitos. O Primeiro-Ministro diz que a prioridade é garantir água, energia e vias de acesso para os desalojados voltarem às suas casas.
João Amisse prende o martelo com a mão e bate nas chapas de zinco para tentar recuperar o que ainda dá. “Estou a desmontar chapas para essa mamã” – uma idosa que assistia ao processo, sentada nas proximidades de onde estava a sua casa que ficou reduzida, absolutamente, a nada.
O ciclone tropical Gombe passou e deixou milhares de famílias desalojadas. O distrito de Monapo, na província de Nampula, foi um dos mais afectados. Passam apenas três dias, mas parece uma eternidade para quem não tem onde dormir. É o caso de Rosa Cândido.
“Não sei como fazer para recuperar a casa. Não tenho marido, faleceu em 2013”, conta a mulher que se viu obrigada a carregar nos seus cinco filhos e ir abrigar-se na casa do irmão onde se juntam mais duas famílias.
Algumas escolas foram transformadas em centros de acolhimento temporário. Estivemos numa delas, arredores da vila-sede de Monapo. A lista no caderno é a prova do registo dos desalojados. Quando chega a hora de comer, ouve-se o ecoar da voz de controlo, chamando um por um para ter a refeição básica garantida pelo INGD: xima de farinha de milho ou arroz e feijão.
No meio ao desespero, surgem perguntas que não têm um destinatário concreto: “não penso nada. Não sei…o Governo é que vai pensar”, limita-se Mamo Ali.
O Governo até esteve por perto, na pessoa do Primeiro-Ministro, mas, neste momento, levava na manga o que pode ser pouco, mas preciosa: “estivemos lá com a população de Namige, para dar solidariedade”, disse Adriano Maleiane, Primeiro-Ministro que fez a sua primeira viagem nessa qualidade para fazer chegar a mensagem do Presidente da República.
“O que é importante, realmente, é repor aquilo que é básico: água, energia, vias de acesso e depois encontramos as soluções para as pessoas poderem voltar às suas casas”.
De resto, Nampula foi a província bastante assolada pelo “Gombe”, com todos os 15 óbitos registados naquele ponto do país.