O primeiro-ministro moçambicano, Adriano Maleiane, alerta que o país poderá passar fome se as pessoas continuarem com a paralisação do trabalho e diz que não se deve confundir manifestação com greve. Adriano Maleiane diz ainda que é complicado equacionar o diálogo sobre um processo eleitoral ainda em curso.
O primeiro-ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, fez um apelo urgente à população, exortando os cidadãos a retornarem às suas actividades laborais. O Primeiro ministro sublinhou a importância da continuidade do trabalho para a economia do país e realçou que estas paralisações podem representar um retrocesso significativo à economia nacional.
“Fazemos um apelo a todos para manterem a calma. Vamos resolver os contenciosos eleitorais, mas precisamos trabalhar. Cada dia que passamos sem laborar prejudica a economia. Se continuarmos nesta inércia, em uma semana, a questão não será apenas as eleições, mas também o problema da fome,” alertou Adriano Maleiane.
O Primeiro Ministro apelou ao diálogo entre os moçambicanos como forma de acabar com esta crise que o país está a passar, pedindo, assim, a cessação dos protestos. “A minha sugestão é: vamos dar tempo para o Conselho Constitucional terminar o seu trabalho, todas as manifestações devem parar. Eu penso que podem esperar só um bocadinho para terminar este processo de eleições. É a nossa cultura, o diálogo”, disse.
Ademais, para o Primeiro Ministro, é importante que se descubra o real problema que leva a estas manifestações, para que se avance para um diálogo construtivo e produtivo. “Sempre enfrentamos momentos difíceis e conseguimos superá-los através da conversa. É crucial estruturar e compreender qual é o problema antes de iniciarmos um diálogo construtivo e produtivo. Devemos dizer não à violência e sim ao diálogo, pois é assim que, como moçambicanos, conseguimos resolver os nossos problemas e continuar juntos,” concluiu.
Adriano Maleiane reafirmou, assim, a necessidade de uma abordagem pacífica e colaborativa para garantir a estabilidade e o desenvolvimento do país.
Recorde-se que essas manifestações fazem parte da chamada “terceira fase”, convocada por Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo PODEMOS, que reclama a vitória nas eleições de 9 de Outubro passado. Esta fase deverá durar uma semana, tendo iniciado a 31 de Outubro, com término marcado para quinta-feira, 7 de Novembro, dia em que se espera uma mega-concentração na capital do país.
A Comissão Nacional de Eleições anunciou, a 24 de Outubro, a vitória presidencial de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, com 70,67% dos votos. Venâncio Mondlane teria ficado em segundo lugar, com 20,32%. O candidato não reconhece estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional. Na terceira posição da eleição presidencial, de acordo com a CNE, ficou Ossufo Momade, presidente da Renamo, com 5,81%, seguido de Lutero Simango, presidente do MDM, com 3,21%.
Ossufo Momade também disse que não reconhece os resultados eleitorais anunciados e pediu a anulação da votação. Lutero Simango recusou igualmente reconhecer os resultados.
No que ao parlamento diz respeito, de acordo com a CNE, a Frelimo reforçou a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados, e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país. O PODEMOS, partido extra-parlamentar, elegeu 31 deputados, destronando a Renamo da liderança da oposição, uma vez que, a Perdiz caiu de 60 para 20 deputados. O MDM mantém a representação parlamentar, mas viu reduzida a sua participação, passando de seis para quatro deputados.