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ADIN vai apresentar ao Governo estratégia de desenvolvimento e resiliência

Foto: DW

Consultores garantem que 50% dos planos do Governo para o desenvolvimento e promoção da paz em Cabo Delgado deverão beneficiar as mulheres. Assimetrias regionais estiveram, também, na base do conflito que começou há quatro anos.

Desde que iniciou a violência terrorista na vila de Mocímboa da Praia, em Outubro de 2017, muito foi dito sobre as causas por detrás dessa situação, mas as poucas pesquisas que foram feitas ao longo destes quatros anos pareciam insuficientes para compreender melhor o fenómeno para melhor actuação do Governo.

A Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte, ADIN, assumiu a responsabilidade e encomendou um estudo que resultou na elaboração da Estratégia de Resiliência e Desenvolvimento Integrado do Norte que deverá orientar a actuação do Executivo para o restabelecimento da paz e desenvolvimento da província de Cabo Delgado.

“Qualquer actividade que se proponha é preciso ver se ajuda a construir a paz, a reconciliação e se ajuda a identificar as causas subjacentes do conflito. Ela [a estratégia] é assente em notas sectoriais, que são estudos feitos de várias áreas de actividade do país, desde turismo, terras, deslocados, agricultura, pesca, indústria extractiva. Foram desenvolvidas 22 notas sectoriais, que é a avaliação dos sectores antes dos sectores antes do conflito e pós-conflito. Se nós identificarmos essas notas sectoriais vamos verificar que o país precisa de muita coisa. Era preciso muito mais coisas do que aquelas que eram propostas”, explica Abdul Carimo, jurista e consultor que faz parte da equipa que elaborou a Estratégia em alusão.

É uma espécie de um estudo de base para conhecer melhor as carências de uma parcela do país que apesar do marketing das maiores reservas mundiais de gás natural, vive no manto da pobreza extrema, com a sua população a sentir na prática a divisão do “pólo norte”, do “pólo sul”, medido através as assimetrias regionais que desde a independência do país concentraram as oportunidades económicas e sociais no sul.

“Há três pilares fundamentais: a construção da paz; a construção do contrato social entre o Estado e a população e a recuperação económica. Muita gente pensa que esta estratégia é uma estratégia de desenvolvimento, não é. Esta é uma estratégia de recuperação sócio-económica para que o desenvolvimento ocorra. Portanto, por causa do conflito; por causa das dívidas ilícitas; por causa do covid-19; por causa do khenet abriu-se um buraco muito grande aqui a nível da província de Cabo Delgado e nas províncias do norte, aliada a toda assimetria que vinha acontecendo há bastante tempo. Então, é preciso criar as condições básicas mínimas para que o desenvolvimento aconteça”, justificou.

O Comité de Supervisão da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte, esteve reunido esta quinta-feira em Pemba numa sessão extraordinária para a validação da Estratégia de Resiliência e Desenvolvimento Integrado do Norte, documento que deverá orientar a actuação de emergência para o restabelecimento da paz e desenvolvimento da província de Cabo Delgado, algo que faltava para que de facto os parceiros internacionais que no lançamento da ADIN no ano passado se comprometeram a financiar várias actividades pudesse de facto iniciar os desembolsos sabendo de forma clara o que estão a apoiar.

“Esta estratégia é um instrumento de trabalho. Nós precisamos de trabalhar vários aspectos que afectam a sociedade, sobretudo c’a no norte, referimo-nos a questões de paz, que é um elemento fundamental para que tudo que possamos pensar em termos de desenvolvimento da região. Sabem da interrupção de algumas operações que estavam a acontecer em cabo Delgado, concretamente a Total, por causa da guerra, do terrorismo, então, precisamos de encontrar uma maneira de através desta estratégia encontrarmos uma forma de trazer a sociedade para junto de si mesma, consolidar as relações entre as pessoas para que estejam preparadas para o combate a esses conflitos que assistimos hoje e além disso, precisamos de encontrar formas de financiamento de estratégias de desenvolvimento”, sublinha Armindo Ngunga, Presidente do Conselho de Administração da ADIN.

Recentemente, o Governo lançou o plano de reconstrução de Cabo Delgado, um trabalho de emergência financiado pelo Banco Mundial, avaliado em 100 milhões de dólares.

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