O antigo ministro da Juventude e Desportos, Joel Libombo, diz que o Estado tem todo o poder de travar a violência nos campos e disciplinar a sociedade. O antigo governante diz ainda que é preciso que se faça um estudo profundo, de modo a entender o fenómeno e o motivo que leva as pessoas a serem intolerantes.
O desporto moçambicano, particularmente o futebol, tem sido marcado por actos de violência nos campos. O fenómeno, que tem acontecido todos os anos, coloca a nu algumas fragilidades no que diz respeito à segurança nos recintos desportivos.
Recentemente, um jogo do Moçambola entre o Ferroviário de Lichinga e o Matchedje de Maputo terminou em escaramuças, com a Polícia da República de Moçambique a recorrer ao gás lacrimogêneo para serenar os ânimos. Em causa, estava o facto de os jogadores e os membros da direcção dos “militares” terem exigido explicações à equipa de arbitragem, por esta ter marcado uma grande penalidade a favor da equipa da casa.
Ainda na presente edição da prova, cenário idêntico verificou-se em Songo, em que os adeptos locais se envolveram em actos de violência. O fenómeno tem levantado vários debates em vários círculos do desporto moçambicano e os sinais de preocupação vêm de todos os lados.
Para o caso de Lichinga, Augusto Pombuane, Secretário-geral da LMF, diz que houve má interpretação por parte da Polícia da República de Moçambique. A Liga Moçambicana de Futebol considera que este caso não pode manchar todo um esforço que está a ser feito para que o Moçambola seja uma prova atractiva.
A Comissão Nacional de Árbitros de Futebol diz que está preocupada com o fenómeno e atira para os que colocam em causa o trabalho desta classe.
Os recentes acontecimentos levaram a que a Secretaria de Estado do Desporto, através da Inspecção-geral do Desporto, convocasse a Liga Moçambicana de Futebol e a Comissão Nacional de Árbitros de Futebol.
O encontro com as três entidades tinha em vista procurar soluções para travar a violência nos recintos desportivos.
A Assembleia da República aprovou, no ano passado, a Proposta de Revisão da Lei do Desporto. O documento prevê a criação de uma nova estrutura desportiva mais inclusiva e que responsabilize atitudes anti-desportivas, como é o caso da violência nos recintos desportivos.