Acidentes de Viação!
A minha percepção sobre os acidentes na nº 4, têm a ver com as manobras perigosas, caracterizadas pela inversão de marcha e não de excesso de velocidade, repare que nenhum acidente foi reportado em consequência de a viatura a frente não ter acelerado o suficiente. Mais: na nº 4, é normal os camiões de grande tonelagem usarem a faixa de rodagem do meio, no lugar da faixa lateral, aliado à velocidade com que andam. quando se cruzam com viaturas pequenas, bastará estremecer um pouco para se registar colisão, pior, estes camiões não têm restrição de tempo de circulação!
Em Moçambique, os acidentes de viação tornaram-se um problema de saúde pública, tal é a frequência e seus impactos na economia e na sociedade, di-lo a vice-ministra dos Transportes e Comunicações, todavia, as causas dos acidentes de viação, muitas vezes, não são estudados com profundidade, sempre que há um acidente grave multiplicam-se acções de vigilância sobre o automobilista, fiscaliza-se a inspecção periódica e faz-se o controlo de velocidade.
Há um caso louvável que, infelizmente, aconteceu durante uns dois dias, que foi a operação “carta na mão”. parecendo que não, naquela operação, cidadãos que foram apanhados a conduzir sem carta foram muitos, não porque esqueceu, mas porque não possui carta alguma, porque nunca esteve na escola de condução, alguns até a conduzirem chapas, que é um nível de carta profissional. Essa operação, sim, ia de encontro com a limpeza dos que conduzem de forma ilegal e não respeitam as regras de trânsito.
Nesta reflexão, pretendo olhar para os acidentes na nº 4, nas cidades de Maputo e Matola e na estrada nacional nº 1. As outras estradas não tenho o domínio sobre os acidentes e tão pouco frequento com regularidade, por isso, para não passar por equívocos, deixo a outros interessados abordarem. As minhas reflexões não são infalíveis, por isso, não as tomem como algo irrefutável ou imbatível. Trata-se das minhas percepções em relação ao fenómeno que tem criado luto nas famílias moçambicanas.
Estrada nacional nº 4, vulgo TRAC, os acidentes nesta estrada estão um pouco associados ao que se passa na nº 1. Na verdade, a maior parte dos automobilistas que usam esta via desde a África do Sul prolongam pela nº 1, aproximadamente até à província de Inhambane ou mesmo Sofala, estes concidadãos nossos, se conseguirem fazer a nº 4 sem percalços, os terão quase sempre na nº 1, mais pela fadiga do que propriamente por razões da viatura ou outras, estes utilizadores têm no consumo de bebidas energéticas a aparente “solução” para o sua fadiga ou cansaço, por isso, se formos a observar com atenção, a partir de Marracuene, nas paragens, privilegiam-se estas bebidas.
Mas é na nº 4 entre Malhampsene e Maputo que há muitos problemas, por exemplo, com a reabilitação da nº 4 neste troço, vieram acidentes em catadupa, muitos utentes pediram separadores e alguns concidadãos ridicularizaram esse pedido, alegadamente porque não são os separadores que irão criar bases para não acidentes, apelando à consciência dos automobilistas. Ao nível oficial, a resposta foi a colocação de postos de controlo de velocidade e a questão que se pode colocar é: a origem destes acidentes é a velocidade? Creio que não, a maior parte dos acidentes na nº 4 foram originados por inversão de marcha, aquilo a que se apelida de manobras perigosas nas regras de trânsito.
Ora, resolve-se a manobra perigosa através do controlo de velocidade? Não, resolve-se multando de forma gravosa e de acordo com a legislação aplicável aos prevaricadores. As multas devidamente aplicadas desencorajam qualquer um, com o agravante de apreensão da carta de condução, isso sim, pode ajudar a minimizar os acidentes, até porque não consigo ver um acidente na nº 4 de viaturas seguindo para a mesma direcção, com a gravidade que se tem reportado, não digo que não existam, mas haja ponderação, não é certamente, por aí.
O mais curioso é que a nº 4 é uma estrada concessionada. Perante a subida do número de acidentes, o Governo devia exigir segurança na via, no entanto, ninguém exige nada à TRAC e as coisas acontecem com quase indiferença desta concessionária. Recordo-me que, num dos casos, a TRAC responsabilizou o Governo por não existência de separadores naquela via, por isso, não é verdade que a velocidade seja a causa de acidentes na nº 4, sobretudo acidentes referidos, após a reabertura pós-reabilitação.
Estrada nacional nº 1, como referi na abordagem da nº 4, uma das causas de acidentes nesta estrada é a fadiga, as pessoas percorrem centenas de quilómetros, por exemplo, de Joanesburgo para as províncias de Gaza e Inhambane, até Sofala, não se dão ao tempo de repouso, muitas vezes confiam nas bebidas energéticas para “espantar” o cansaço, mas nem sempre funciona, quando dão por ela, estão debaixo de um camião em movimento ou estacionado, a estrada nacional nº 1 é estreita para o tipo de viaturas que circulam, os camiões avariados estacionam de qualquer maneira e dão poucas chances de esquivarem das outras viaturas em circulação, aliado a isso, a má sinalização cria problemas graves ao trânsito.
Outra razão, nesta via, tem a ver com o ordenamento, repare que as lojas e casas de cidadãos muitas vezes encontram-se a poucos metros da via pública, que é a nº 1, a circulação de pessoas, aliada a grandes movimentos de viaturas, muitas vezes cria embaraços aos automobilistas, que acidentam, nestes casos, por se tratar de zonas de muita circulação de pessoas, quando isso acontece muita gente morre. Mas existe a causa humana, por exemplo, os transportes de pessoas que fazem Maputo-Xai Xai e vice-versa, muitas vezes apostam em duas ou mais viagens ao dia, mas não possuem motorista para troca, de modo a descansar o colega, isto aliado à velocidade a imprimir, de modo a conseguir esse feito. Os acidentes, para estes casos, são uma verdadeira tragédia.
Por isso, na minha opinião, o estado da via, estreita para a circulação de viaturas de grande porte e tonelagem, a má sinalização nos casos de avaria, aliado à necessidade de rentabilização dos meios, sem aliar a parte humana (motorista para a troca), tem sido causas de acidentes de viação, adicionalmente, a construção de infra-estruturas comerciais próximo da estrada é outra causa de acidentes de viação. Aprovou-se uma lei que determinava o tempo de condução por parte de profissionais de condução que me parece não estar em uso.