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“A nossa Segurança foi capturada pelo inimigo”, Alberto Mondlane

Foto: O País

Alberto Ricardo Mondlane, que à data dos factos era ministro do Interior e membro dos comandos Operativo e Conjunto é, actualmente, aposentado. Foi na qualidade disso que, durante o seu interrogatório, esta quinta-feira, na 70ª audição do julgamento das “dívidas ocultas”, foi questionado em que fórum foi discutida a criação das empresas EMATUM e MAM. O declarante respondeu que o assunto nunca foi discutido no Comando Operativo, órgão que, na ausência do ministro da Defesa, era presidido por si.

“Do que eu tomei conhecimento foi a ideia de criação de uma empresa privada, cujo objectivo principal era garantir a protecção da Zona Económica Exclusiva. A apresentação foi feita por António Carlos do Rosário. E quem trouxe o nome ProIndicus foi o SISE, até chegar a vez de irmos ao Comando Conjunto dar a ideia de criação dessa empresa que veio a ser criada. Quanto às outras, nunca ouvi falar sobre elas”, garantiu.

Questionado pela Ordem dos Advogados de Moçambique sobre o que falhou no processo de contratação das “dívidas ocultas”, o antigo ministro do Interior disse que, usando uma linguagem militar, podia dizer que a nossa segurança foi capturada.

“Eu nunca imaginei que Jean Boustani pudesse chegar aqui e andar a distribuir dinheiro. Eu acho que o sector da segurança não cumpriu os seus deveres. Por isso, estamos aqui. Se a nossa segurança tivesse trabalhado como devia, isso não teria acontecido. A Privinvest entrou no nosso país por uma das partes mais importantes da segurança, o SISE”, disse Mondlane.

O declarante Mondlane disse ainda, que não estranhou o facto de a ideia vir do SISE e viu a iniciativa como um passo em frente para reforçar a segurança do país.

Efigénio Baptista quis saber do declarante em quanto estava orçado o projecto da ProIndicus, mas Mondlane disse que o documento que assinou não continha números e, por isso, não estava, hoje, em condições de responder.

“Eu não sabia que estavam a ser criadas empresas da área de segurança, por isso não tenho provas de que houve encontros. Mas, o que fui sabendo depois sobre o assunto foi através da imprensa e a acompanhar o julgamento”, Mondlane

À Ordem dos Advogados, Alberto Mondlane disse que não sabia que o financiamento da ProIndicus ia acontecer de forma rápida e com valores altos.

“Eu pensava que a ProIndicus ia procurar parceiros e que, de forma faseada, seria feito o financiamento.”

Questionado se teria recebido algum equipamento a propósito da criação das empresas de segurança, Alberto Mondlane disse que o único objecto com que teve contacto foi uma viatura.

“Do Rosário apareceu na minha casa com uma viatura para me oferecer. A minha falecida esposa quis saber para que fim era o carro. Eu disse que era do SISE e que eles é que sabiam da finalidade. Antes de ir a Sofala, devolvi o carro e este foi o único bem que não entrou no inventário do Ministério [do Interior]”, clarificou.

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