Foi numa modesta e sobrelotada sala da Universidade A Politécnica que Tomás Vieira Mário lançou o seu “modesto registo” sobre os “25 anos de liberdade de imprensa em Moçambique – história, percurso e percalços”.
Na verdade, o registo feito em mais de 200 páginas é tão profundo que atraiu jornalistas, académicos e políticos. Foi perante estas figuras que Tomás Vieira Mário deixou claro que a tolerância política que marcou os primeiros 13 anos de liberdade de imprensa já não se verifica desde 2004. Talvez para não ferir sensibilidades, o jornalista evitou falar de nomes, mas ficou claro que o “período glorioso” da imprensa coincide com a governação de Joaquim Chissano. “É o período da emergência do pluralismo em Moçambique, o período em que nascem os jornais, as rádios privadas e comunitárias e há um esforço deliberado de tolerância política para que os direitos sejam vividos e exercidos”, disse.
Já o segundo período coincide com os anos de governação de Armando Guebuza e do actual Presidente da República, Filipe Nyusi. Para Tomás Vieira Mário, este período não sendo glorioso para a imprensa: “há muito mais intervenção das forças políticas, económicas e do crime organizado sobre os media; É o período em que os media já vão aos tribunais, já são processados”. No meio de tudo isso, há uma lição a registar: “aprendemos que a liberdade de imprensa nunca é um dado adquirido em nenhuma parte do mundo”.