A 10ª edição do Festival AZGO arrancou ontem à noite, no Franco-Moçambicano, na Cidade de Maputo. Na Sala Grande daquele centro cultural, apresentaram-se os músicos do Haiti, Vox Sambou, e da Ilha Reunião, Fayazer
Comecemos pelo fim. Vox Sambou apresentou-se na Sala Grande do Franco-Moçambicano aproximadamente às 22 horas desta sexta-feira. Logo à entrada, revelou-se, com a sua banda, um artista que investe, aparentemente, em sonoridades de origem africana. Por exemplo, sonoridades próximas à quizomba, para os mais novos, ou à passada, para os mais antigos.
Com muita alegria no semblante e nos movimentos, o artista haitiano radicado no Canadá, no dia de abertura do AZGO, fez da sua apresentação um momento de festa, ora celebrando os 10 anos de um festival que já é tradição em Moçambique, ora enaltecendo os laços de amizade entre os povos e o intercâmbio artístico-cultural.
Sempre com Haiti no coração, Vox Sambou fez de um espectáculo musical um momento fácil, cheio de emoção, de luz e muita vibração. Por isso mesmo, a maioria do público que até nem conhecia as suas composições reagiu com alguma assertividade sempre que o vocalista os convidou a decorar ou a cantar os coros das músicas. Foi uma actuação exemplar, de um intérprete que se preocupa em pensar o mundo à sua volta e que se informou sobre Moçambique antes de se apresentar na Sala Grande do Franco. Há-de ser por isso que, a certa altura, convidou os maputenses e cidadãos de outras origens a cantarem pela paz e pela fraternidade. Nessa tentativa de sincronização entre os seus temas e a realidade local, que afinal é universal, Vox Sambou amou tanto a música como as pessoas, dando-as a sua simplicidade, o seu carinho e o respeito de um espectáculo bem preparado.
Ao interpretar, sobretudo, ritmos do Norte do Haiti e afro-latinos, Vox Sambou também expressou-se como um artista com certas influências do Hip-Hop. A sua base musical assenta na diversidade e nessa sugerida subtil intervenção social.
Assumidamente um artista do amor, Vox Sambou interpretou um tema composto a pensar na sua própria mãe e, no Franco, encontrou um pretexto para dedicar a sua música a todas mulheres incríveis, de Moçambique e do continente inteiro. Também cantou por todos aqueles encarregados de educação que cuidam bem dos seus filhos, tendo como referência os pais que o permitiram crescer o suficiente para poder apresentar-se na Cidade de Maputo.
Com a vinda de Vox Sambou a Maputo, o Alto Comissariado do Canadá em Moçambique juntou-se às celebrações do 10º aniversário do Festival AZGO, tendo como motivação a extensão e o aprofundamento dos laços culturais.
A actuação do artista haitiano residente no Canadá teve aproximadamente uma hora de duração. No palco não brilhou sozinho, mas cada membro da banda, desde o guitarrista ao baterista ou do percussionista à cativante corista. Enfim, nesta participação no AZGO, Vox Sambou recebeu de volta tudo o que se propôs a proporcionar ao público.
Não obstante, o primeiro artista a apresentar-se na abertura da 10ª edição do Festival AZGO, no Franco-Moçambicano, foi o músico da Ilha Reunião, Fayazer. O seu espectáculo começou às 19h55, acompanhado por um baterista e um guitarrista.
Numa base reggae, Fayazer apresentou, ao longo de uma hora, uma combinação de ritmos tradicionais da Ilha Reunião: maloya em harmonia com o hip-hop também.
Hoje, o Festival AZGO continua no Campus da Universidade Eduardo Mondlane e, amanhã, termina com um concerto gratuito no Bairro Mafalala, sempre na Cidade de Maputo.