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Jovem contrai lesão na coluna vertebral em desabamento de muro em Quelimane

Foto: O País

Fernando Evaristo, de 18 anos, está internado no Hospital Central de Quelimane por lesão na coluna vertebral que lhe impossibilita de andar. O jovem contraiu a lesão quando tentava socorrer sua avó, que acabou por morrer na sequência do desabamento de um muro aquando da passagem do ciclone Freddy.

No dia em que o ciclone tropical Freddy atingiu a província da Zambézia, Fernando Evaristo acabava de sair da sua casa, junto de sua avó, mais oito pessoas, para se abrigarem num ponto seguro, no caso uma infra-estrutura em construção da Secretaria de Estado da Província da Zambézia.

A escassos metros do local onde iam abrigar-se, Evaristo passou ao lado de um muro de cinco metros de altura e mais de 50 metros de comprimento. Na sequência, uma vez que estava a chover torrencialmente, acompanhado de ventos fortes do ciclone tropical Freddy, o muro desabou.

Na altura, a avó e uma vizinha de Fernando Evaristo morreram no local, o jovem contraiu lesão na coluna vertebral, o que afectou o movimento das pernas. Foi evacuado para o Hospital Central de Quelimane junto a outros que tiveram alta. Ele contou que chegou ao hospital inconsciente e com fortes dores.

“Estava a chover naquele dia. A minha avó, de 70 anos, que morreu no local, pretendia cozinhar mas a chuva era tanta que não dava para ficar.

Junto a vizinhos e familiares, saímos à procura de abrigo. Peguei pastas e, em direcção ao local de abrigo, caiu um muro que matou duas pessoas e outras sofreram”, narrou o jovem no leito de uma cama hospitalar, lutando pela vida.

Chico Francisco, guarda que testemunhou o caso, diz que o facto ocorreu por volta das 19 horas daquele dia e a queda foi violenta. Segundo a fonte, foi difícil prestar socorro dado o peso do muro. “Não foi fácil mas tivemos que fazer o possível para socorrer as vítimas, foi triste ver a morte das duas senhoras aqui e a lesão que o jovem contraiu. Auguro que o mesmo consiga recuperar-se”, desejou Francisco, testemunha.

A directora do Serviço de Urgências do Hospital Central de Quelimane, Eugênia Marquesa, diz que o quadro do paciente é estável, não corre o risco de vida, aguarda por cirurgia, mas pode não voltar a fazer os movimentos.

“Quando chegou [ao hospital], ele já tinha perdido os movimentos das pernas, foram feitos exames e ele aguarda por uma cirurgia na coluna vertebral. O diagnóstico agora é da lesão que contraiu nas vértebras. Depois da cirurgia, ver-se-á a evolução do paciente. Mas, como em todas as cirurgias, há riscos, um dos quais é que pode não conseguir recuperar os movimentos das pernas”, referiu Eugênia Marquesa, médica de cirurgia no Hospital Central de Quelimane.

Desde da passagem do ciclone tropical Freddy, o Hospital Central de Quelimane tem estado a receber muitas pessoas com traumas por conta do desabamento de casas, quedas de árvores e corte de chapas de zinco, situações causadas por ventos fortes. Até agora, já deram entrada 58 pacientes.

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