A qualificação aos quartos-de-final do CHAN da Argélia é um marco histórico para o futebol moçambicano, que nunca antes tinha vencido uma partida sequer, quanto muito fazer quatro pontos e conseguir uma qualificação para a fase a eliminar.
Por isso, o seleccionador nacional, Chiquinho Conde, classifica como um motivo de orgulho e satisfação, sem se esquecer de agradecer e felicitar os jogadores e a equipa técnica pelo feito alcançado.
“Quero dar os parabéns aos meus jogadores porque foram fantásticos e não me canso de os elogiar. Os meus jogadores são bravos e conseguiram superar essa adversidade, aliado ao clima difícil, passar as festas do fim do ano longe das famílias. Trabalhar arduamente numa situação em que eu, às vezes, ficava a chatear-lhes a cabeça, repetir situações de jogos para que eles chegassem à competição em condições. Fazer quatro pontos nesta competição é motivo de orgulho e satisfação”, começou por dizer na conferência de imprensa depois do jogo.
E agradece, por este feito, “a este grupo de trabalho que foi extraordinário”. Afinal, “estamos aqui para esta missão e é com enorme satisfação que estamos aqui a enaltecer o nome de Moçambique”.
Mas não foram apenas os jogadores e todo staff que se encontra na Argélia que mereceram as felicitações do seleccionador nacional. “Agradecer a todo povo moçambicano que sempre nos deu apoio e alento, as nossas famílias e nossos amigos, aqueles que já estiveram nesta campanha, os jogadores que estavam lesionados e fizeram força positiva, para todos é momento histórico e único”, prosseguiu.
Agora é momento de desfrutar, tal como diz Chiquinho Conde, mas não para relaxar. Já se pensa alto no balneário. “Queremos continuar. Chegámos até aqui e, agora, o céu tem que ser o limite. Quiçá que consigamos transpor essa outra barreira e escrever com as letras bem garrafais ainda os nossos nomes na história do futebol moçambicano”, vaticina o seleccionador nacional.
APRENDER COM OS ERROS PARA NÃO PAGAR CARO
Relativamente ao jogo de sábado, diante da Argélia, o seleccionador nacional considera que a derrota foi mais demérito dos Mambas do que mérito dos argelinos, afinal foi através de um erro que aconteceu o único golo. “Hoje (sábado), perdemos o jogo, sim, por erro nosso porque tínhamos jogadores altos para defender. Mas vamos aprender com esses erros e vamos melhorar, porque, em alta competição, os erros se pagam caro”, alerta Conde.
Ainda assim, revela o segredo do jogo para uma boa exibição do combinado nacional: “tentamos alterar alguma situação e jogamos num sistema de 4x3x3 com mais músculos, com Nené mais a 6 e Amadou e Shaquile mais a 8, para poder fazer melhor as nossas transições, dar mais liberdade aos jogadores mais ofensivos. Conseguimos, mas era preciso ter mais confiança com a bola. Notou-se claramente que a equipa está a evoluir naquilo que é a confiança”.
SUBSTITUIÇÕES FORÇADAS QUE VALERAM A PENA
No jogo de sábado, Chiquinho Conde foi obrigado a fazer uma alteração forçada, quando Ivan teve que sair e ceder o seu lugar a Fazito. Mas também fez outras quatro alterações, voltando a tirar os dois jogadores do meio campo – Amadou e Shaquile. Chiquinho Conde revela que “tive que fazer alguma contenção para ver se voltávamos a jogar no sistema que usámos no último jogo de 4x1x3x2. Fizemo-lo, mas não conseguimos transformar as jogadas em golo”.
Ainda assim, “acho que os jogadores estão a interpretar melhor os sistemas. Todos os que entraram jogaram com muita humildade e muita crença e estão todos de parabéns. Não encontro adjectivos para qualificar nem para agradecer aos meus jogadores”.
FAZITO, UM GUARDA-REDES A TER EM CONTA
Com a entrada de Fazito para o lugar de Ivan, Chiquinho utilizou os três guarda-redes que levou ao CHAN da Argélia. Reconhece a responsabilidade, mas assume que tem bons jogadores para a posição mais atrás do campo. “A posição do guarda-redes não é fácil. O Fazito é um miúdo extraordinário, que fez um campeonato (Cosafa) sub-20 e tem sido um esteio da selecção sub-20. Temos quatro belíssimos guarda-redes, contando com Ernan, que, infelizmente, está lesionado e, mais uma vez, não tenho palavras para agradecer a disponibilidade; quando são chamados estão disponíveis e têm o mesmo sorriso jogando ou não jogando e isso é gratificante para qualquer treinador”.
Com toda esta disponibilidade, o seleccionador nacional revela que “confio em todos eles e irão jogar todos. O Macaime ainda não jogou e Yude também ainda não jogou e vão ter a sua oportunidade, certamente”. Fica a promessa!
TELINHO
Jogador dos Mambas
É uma coisa que já havíamos traçado e já havia dito que estamos aqui para fazer história e realizámos o sonho de passar para outra fase. Conseguimos e estamos felizes por isso. Vamos continuar a trabalhar para chegar à final do CHAN. Já estava habituado a esta rotina e temperatura e tenho certeza de que vamos habituar-nos ainda mais. Talvez os campos sejam diferentes, mas não vai mudar nada e vamos trabalhar assim mesmo e vamos fazer história. Podem esperar muita coisa positiva.
SHAQUILE
Jogador dos Mambas
Foi um jogo muito difícil porque a Argélia entrou com tudo, mas nós mostrámos que estávamos lá. Apesar de termos sofrido cedo o golo, a equipa soube reagir bem. Vamos dar o nosso máximo, mas o importante já fizemos. Vamos continuar a trabalhar para o próximo jogo. Já mostrámos o nosso valor e vamos lá para disputar taco-a-taco o jogo e esperamos nós que possamos continuar a fazer história para o país. Desde a qualificação já era um sonho para todos nós e estávamos conscientes de que vínhamos para cá para fazer história, para fazer algo diferente e conseguimos.