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Avicultores reinventam-se para evitar perda de frangos devido ao calor intenso

Foto: O País

De Dezembro do ano passado até ao momento, a Associação dos Avicultores de Maputo registou perto de 16 mil perdas de frangos devido a altas temperaturas. Com a vaga de calor que assola o Sul do país, os avicultores improvisam soluções para evitar mais perdas.

Tem sido comum, quase todos os anos, o reporte de casos de perdas de produtos avícolas no país.

Com a previsão de vaga de calor anunciada para este fim-de-semana pelo Instituto Nacional de Meteorologia, alguns avicultores da Cidade de Maputo redobram a atenção para evitar prejuízos.

As medidas, baseadas na experiência ou no improviso, são a única solução vista pela classe diante do anunciado calor intenso.

Aida Albino, que produz e vende frangos há mais de 10 anos, usou da experiência adquirida ao longo do tempo para improvisar técnicas de modo a evitar perdas que se verificam sempre que o verão atinge o pico.

“Preparamos o espaço, molhamo-lo, colocamos os bebedouros e comedouros e, depois, levamos as galinhas para fora. Quando não fazemos isso, perdemos muitos frangos”, revelou.

Antes desta ideia, a avicultora conta que chegou a perder cerca de 380 frangos num único dia.

O seu aviário tem capacidade para criar até 10 mil pintos, todavia sem condições para usar a tecnologia necessária. Por isso, em tempos de calor intenso, as sombras das árvores dão jeito, funcionando como ventiladores naturais.

Para travar a luta contra o calor intenso, em Maputo, toda a arma é válida. Alberalda Rafael usa uma máquina dispensadora de água, geralmente usada para lavar viaturas. Teve de improvisar, já que chegou a perder 60 aves de uma única vez, por causa do calor.

“Tivemos a ideia de usar a máquina de lavar carros, que já tínhamos. Experimentámo-la e vimos que resulta. Deitamos a água por cima, não diectamente sobre as aves, então ela cai em jeito de neve”, explicou a avicultora.

Os improvisos adoptados no aviário da Alberalda reduziram as perdas para quase 0%.

“Isso nos tem ajudado. Nesta vaga de calor, só perdemos três frangos ontem (referindo-se à sexta-feira)”.

Além desta medida, outra ajudou a pequena empresária a reduzir o esforço manual para colocar água nos bebedouros.

“Enchemos um tanque que fica suspenso. Com recurso a bomba, a água é conduzida até aos bebedouros. Ademais, em dias de muito calor, costumamos retirar a ração, porque quando [os frangos] comem ficam preguiçosos e não se hidratam, acabando por morrer”, explicou.

O calor que dura desde Dezembro causou aos avicultores milhares de perdas, contabiliza Henriqueta Damas, representante da Associação dos Avicultores de Maputo.

“Os avicultores têm reportado perdas em vários cantos, mas, na nossa contabilização, registamos pouco mais de 16 mil perdas, de Dezembro a esta parte.”

A solução definitiva para evitar prejuízos está em apostar na tecnologia, que nem de longe é barata.

“Um pavilhão inteligente precisa de muita coisa, tal como bebedouros e comedouros automáticos, pulverizadores internos e externos, sensores, geradores… Não temos financiamento para tal. Muitos avicultores são do sector familiar e, por isso, não têm condições. Necessitamos de financiamento”, desabafou Damas.

Para os próximos dias, medidas como as encontradas pelas avicultoras entrevistadas nesta matéria podem ser cruciais para muitas outras pessoas ao longo do país, visto que há previsão de continuidade de dias quentes.

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