Mais de 500 pacientes deram entrada nas unidades sanitárias da Cidade de Maputo, na semana passada, vítimas de doenças diarreicas e quase 300 vítimas da malária. O sector da saúde diz que os casos poderão aumentar na presente época chuvosa e apela aos munícipes para que abandonem as zonas submersas.
A época chuvosa e ciclónica está em curso e, por isso, surgem também as doenças de origem hídrica.
Na Cidade de Maputo, em zonas propensas a inundações, as residências e as ruas estão encharcadas. Das águas estagnadas, nasce o mosquito causador da malária, que coloca em risco os moradores.
No bairro Hulene “B”, há capim e lixo, onde o insecto encontra espaço para se reproduzir.
“Estamos mesmo a passar mal. Pedimos que nos socorram para que nos livremos desta situação. Agora é tempo da malária e temos passado muito mal, por isso já não aguentamos”, queixou-se Cacilda Zacarias, que acrescentou que o problema das águas estagnadas prevalece no bairro há cerca de cinco anos.
Ao bairro Hulene “B” juntam-se também Magoanine, Maxaquene, Polana Caniço e Chamanculo com os mesmos problemas, onde as redes mosquiteiras são usadas por quase todos os moradores para evitar a picada do mosquito.
“Temos sofrido bastante ultimamente, por conta dos mosquitos que surgem com as águas estagnadas. Durante as noites, tem sido um sufoco e não dormimos devidamente por conta desta situação”, lamentou Abel Chavanguane.
Uma vez que o problema é antigo no bairro, há quem optou por abandonar a sua residência para evitar contrair doenças de origem hídrica.
“O presidente do Conselho Municipal de Maputo já esteve aqui e tem conhecimento deste problema, mas não vemos solução. E o que acontece é que as pessoas abandonam as suas casas e procuram arrendar”, contou César Muiambo.
Só na semana passada, foram atendidos, nas unidades sanitárias da Cidade de Maputo, cerca de 300 pacientes com malária.
Segundo a vereadora de Saúde e Acção Social, os casos poderão aumentar nos próximos dias.
“Nós temos recomendado às comunidades para que usem as redes mosquiteiras, reforcem a limpeza e que evitem o acúmulo de águas paradas, porque estas favorecem a proliferação do mosquito”, explicou Alice de Abreu, vereadora da Saúde e Acção Social, no Município de Maputo.
Sobre a cólera, ainda não há casos da doença na capital do país, mas as autoridades estão em alerta.
“Temos actividades que são realizadas pelos técnicos e agentes de medicina preventiva a nível das comunidades e pelos membros do comité de saúde. Basicamente, eles versam sobre três questões fundamentais, neste caso, os cuidados que a população tem com a água, a forma como faz a gestão dos resíduos sólidos e dos dejectos humanos”, explicou Alice de Abreu.
Por isso, os moradores exigem soluções urgentes, para escoar as águas paradas e retirar o lixo acumulado, de modo a evitar doenças de origem hídrica.
O Conselho Municipal de Maputo prevê que sejam afectadas cerca de 23 mil pessoas na presente época chuvosa e ciclónica.