O Interclube, vice-campeão africano, desembarca esta terça-feira, em Maputo, onde irá disputar de 9 a 18 de Dezembro, a Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol em seniores femininos. As “polícias” serão orientadas, nesta prova, pelo espanhol Julian Martinez, ex-seleccionador nacional de basquetebol sénior feminino.
Foi apresentado a 7 de Julho de 2019 como seleccionador nacional de basquetebol sénior feminino de Moçambique, tendo como adjuntos Simão Mataveia (hoje por hoje a observar um período sabático) e Deolinda Carmen Ngulela (“coach” do Desportivo Maputo). Hercúlea, até porque o espírito de improviso sempre reinou internamente, a sua missão passava por colocar Moçambique nos lugares de pódio no “Afrobasket” de Dakar, Senegal, e consequente qualificação para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Um falho, até porque no final, e mesmo com enorme esforço, a selecção nacional terminou a prova na 4ª posição após derrota com Mali por 66-54 no jogo de atribuição do 3º lugar.
Disse, nas vésperas da prova, e para quem o quis ouvir, que a preparação tinha sido fraquinha: “Não tivemos o tipo de preparação que pretendíamos. Temos jogado contra equipas masculinas que nos oferecem outro tipo de oposição, diferente do que vamos enfrentar em Dakar”, lamentou Martínez.
Foi corrido, depois, em meio a actos de sabotagem do seu trabalho por parte de elementos identificados da selecção nacional. Regressou ao basquetebol africano em Junho de 2022, pela porta da equipa masculina de basquetebol do Interclube que disputa, actualmente, a Unitel Basket.
A 1 de Novembro de 2022, assumiu provisoriamente o cargo de “coach” da equipa sénior feminina de basquetebol do Interclube, depois de Carlos Diniz (coach que levou às “polícias” à conquista do título) ter seguido viagem a Portugal para tratar de questões pessoais.
É este senhor que, agora, tem a missão de recuperar o título perdido para o Ferroviário de Maputo em 2018, em Maputo, e 2019, no Cairo, Egipto, quando as “polícias” eram comandadas pela velha raposa Apolinário Paquete!
Para atacar o título, Julian Martinez conta com reforços de peso: as americanas Alexis Tolefree e Sherise Williams.
A base armadora Alexis Tolefree foi contratada pelas actuais campeãs angolanas de basquetebol sénior feminino com credenciais de atleta que representa o Kosovo. No Campeonato Europeu de Pequenos Países de 2021, no Chipre, a armadora de 1,78m liderou seu país na pontuação com 19,3 pontos por jogo, média de 2,3 assistências.
Alexis Tolefree já evoluiu na Universidade de Arkansas entre 2018 e 2020. E Sherise Williams? Chega ao Interclube com estatuto de jogadora que teve passagem pelo universitário nos EUA, concretamente no Mississippi State University.
Willimans, aos 29 anos, jogou em vários países europeus, incluindo Grécia, Itália, Eslováquia e Hungria. Na temporada 2019–2020, Williams jogou pelo MBK Ruzomberok da Eslováquia na Fiba EuropCup Feminina.
Prova inequívoca da sua ambição pelo título, o clube adstrito ao Ministério do Interior de Angola foi ao rival D’Agosto buscar, por empréstimo, as internacionais angolanas Rosa Gala, extremo-base, e Cristina Matiquite, poste.
A Maputo, Martinez traz um naipe de jogadoras quais Alexis Tolefree e Sherise Williams, Edvânia Pascoal, Eduarda Gabriel, Erica Guilherme, Ana Agostinho, Cássia António, Italle Lucas, Rosa Gala, Jessica Malagi, Nadir Manuel, Joana António, Cristina Matiquite, Antónia Miguel e Luísa Tomás.
Ficaram por terra Regina Pequeno, Conceição Caetano e Tatiana Jamba, sendo que a última rompeu os ligamentos do joelho direito na última partida do torneio Independência, certame que serviu de ensaio para a Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol sénior feminino.
“KO”, devido a uma lesão, estão também Angelina Golome Felizarda Jorge, jogadoras que já conquistaram o título de campeãs africanas de clubes.
No último teste antes da prova continental de clubes, as vice-campeãs africanas de clubes perderam diante do D’Agosto por 100-74.
FOLHA DE SERVIÇO NOTÁVEL
Na sua folha de serviço, destacam-se os títulos de campeão na Liga Belga de basquetebol ao serviço do Belfius Namur-Capitale, isto na temporada 2012-2014.
De resto, esta conquista foi determinante para que fosse distinguido como melhor treinador do ano, tendo depois abraçado o desafio de orientar o Umea Udominante da Suécia, conjunto com o qual fez uma boa campanha na Eurocup.
Antes de aceitar o convite para orientar a selecção nacional de basquetebol sénior feminino, trabalhou no Club Deportivo Promete da Espanha (2018-2020), formação na qual já evoluiu a moçambicana Tamara Camacho Seda.
Outrossim, Julián Martinez foi treinador-adjunto na selecção feminina da Letónia (2008-2011) e no Fenerbahce (2011-2012). Tem também uma vasta experiência no basquetebol de base e na formação de treinadores.
Em entrevista ao Jornal de Angola, Julian Martinez diz que o ciclo preparatório correu dentro do previsto. “De uma forma geral, estamos satisfeitos pela boa preparação que fizemos. Tenho de agradecer também à direcção do clube por nos ter dado todas as condições de trabalho e ter contratado as quatro jogadoras. Falo das angolanas Rosa Gala e Cristina Matiquite e das norte-americanas Alexis Tolefree e a Sherise Williams”, disse.