Horas depois de os embaixadores da Finlândia e da Suécia terem pedido formalmente para serem admitidos como membros da Aliança Atlântica, a Turquia continua a recusar aceitá-los na organização onde é exigida unanimidade para a admissão de novos membros, escreve a Euronews.
Com o pedido formalizado, Finlândia e Suécia pedem uma admissão rápida na NATO.
“Queremos garantir que cada Estado membro da NATO ratifica a nossa candidatura o mais rapidamente possível. Acho que esta é a questão chave quando se trata de segurança. Actualmente, um processo de ratificação o mais rápido possível é a melhor segurança para a Finlândia e para a Suécia nesta fase”, afirmou a Primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, citada pela Euronews.
Porém Ancara, a capital cosmopolita da Turquia, acusa as duas democracias escandinavas de darem cobertura a militantes e políticos curdos que considera terroristas.
Para Recep Tayyip Erdogan a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO é “um erro” e reforçou que não “vale a pena” tentarem convencer a Turquia a aprovar as candidaturas da Finlândia e da Suécia à Aliança Atlântica. No entanto, os chefes da diplomacia da NATO têm afirmado que será possível levar o processo a um bom porto.
“O alargamento da NATO faz sentido para nós. Apoiar a organização terrorista PKK-YPG de todas as formas e, ao mesmo tempo, esperar o nosso apoio para uma adesão à NATO é, falando de uma forma ligeira, inconsistente”, declarou o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
Segundo a Euronews, os Estados Unidos (EUA) esperam conseguir quebrar o impasse.
Ontem, os chefes da diplomacia turca e norte-americana reuniram-se em Washington. A visita já estava agendada, mas os acontecimentos actuais estavam na agenda. Especialmente depois do Presidente dos EUA, Joe Biden, ter saudado “calorosamente”e apoiado “fortemente” a decisão dos países nórdicos de romper com décadas de neutralidade e ingressarem na NATO.
A NATO deverá aprovar o alargamento da Aliança Atlântica ainda antes da cimeira de líderes, marcada para o final de Junho em Madrid. Concluída a aprovação política, inicia-se o processo de ratificação pelos 30 membros da Aliança. É nessa fase que a Turquia pode deitar por terra o processo de adesão da Suécia e Finlândia, opondo-se à entrada dos países nórdicos. A adesão de novos países tem de ter o apoio unânime de todos os países da organização, escreve a SIC Notícias.
QUAIS SÃO AS EXIGÊNCIAS DA TURQUIA PARA PERMITIR A ADESÃO DA SUÉCIA E FINLÂNDIA À NATO?
A posição da Finlândia e Suécia sobre a questão curda será central nas negociações. Ancara insiste que os novos candidatos à adesão da NATO devem reconhecer as preocupações com as milícias curdas, tanto dentro do seu território como na Síria e no Iraque.
Este tem sido um ponto de tensão mesmo dentro da NATO. Embora todos os membros reconheçam o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda da Turquia, como uma organização terrorista, há países que apoiam, até com armamento, o seu ramo sírio, o YPG, na luta contra o Estado Islâmico.
A Turquia exige que a Suécia e a Finlândia denunciem publicamente o PKK e todos os seus afiliados antes de ingressarem na Aliança. Designar o PKK como uma organização terrorista não será suficiente para os dirigentes turcos: Erdogan diz que os países nórdicos mantiveram uma política de “acolhimento de guerrilheiros curdos” que agora terá de ser revertida.
“Os países escandinavos, infelizmente, são quase como casas de hóspedes de organizações terroristas”, afirmou o presidente turco.