O Chefe de Estado moçambicano está desde hoje em Bruxelas, na Bélgica, cidade onde se localiza a sede da União Europeia, um dos principais parceiros de Moçambique. Filipe Nyusi vai reunir-se com os líderes da organização, sendo os temas do terrorismo, reconstrução e ajuda humanitária em Cabo Delgado e as mudanças climáticas no centro da agenda.
Moçambique procura na União Europeia (UE) parcerias para melhor responder aos desafios actuais do país, com destaque para o combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado, que já provocou mais de 850 mil deslocados e acima de duas mil e quinhentas mortes. De visita de trabalho desde ontem à sede da organização em Bruxelas, capital da Bélgica, o Chefe do Estado moçambicano iniciou a sua jornada diplomática, através de um encontro, à porta fechada, com Jutta Urpilainen, Comissária da União Europeia para Parcerias Internacionais.
Na verdade, o pano de fundo da deslocação consiste numa série de encontros com os líderes de topo, a destacar o Presidente do Conselho Europeu e o Vice-Presidente da Comissão Europeia, figuras com as quais Filipe Nyusi vai sentar-se à mesa esta terça-feira.
“Fundamentalmente, [a visita] é para discutirmos a questão do reforço da cooperação entre Moçambique e a União Europeia”, explicou Manuel Gonçalves, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, reforçando que “a União Europeia é um dos principais parceiros de cooperação em termos de assistência humanitária, investimento, infra-estruturas e na consolidação da paz”. Aliás, no capítulo da paz e segurança, a União Europeia destaca-se por apoiar a luta contra o terrorismo e na implementação do Acordo de Paz Definitiva, através do financiamento ao processo do DDR.
Está ainda previsto um encontro com o Comissário responsável pela gestão de crises humanitárias, numa altura em que Moçambique possui mais de 800 mil deslocados devido ao terrorismo. Aliás, o tema do terrorismo é incontornável na jornada diplomática do país.
“Há distritos que foram recuperados após o combate das nossas Forças de Defesa e Segurança com o apoio das Forças da SADC e do Ruanda. Há necessidade de reconstrução desses distritos, daí a existência de um plano de reconstrução de Cabo Delgado, e a União Europeia é um dos parceiros que têm apoiado este processo. Certamente, eles vão continuar a dar seu apoio”, disse o vice-ministro, não deixando de destacar a existência de uma “missão da organização no âmbito da formação e capacitação das Forças de Defesa e Segurança, temas que certamente serão abordados”.
Além do número dois da diplomacia moçambicana, o Presidente leva na delegação o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, e assessores das áreas de economia e diplomacia.
O país quer também reforçar a sua resposta às mudanças climáticas. “Queremos perceber como é que podemos trabalhar com a União Europeia no âmbito dos desafios actuais. Moçambique tem sido ciclicamente afectado por calamidades naturais e a UE foi um dos principais parceiros que mobilizou a realização da Conferência Internacional Pós-Idai e agora fomos mais uma vez afectados pela depressão tropical ANA”, citou.
As relações entre a União Europeia (UE) e Moçambique iniciaram em 1975, após a independência, e ocorrem ao abrigo do Acordo de Cotonou, que abrange as áreas política, comercial, económica e de cooperação.