Ao longo da semana houve uma troca de palavras, espécie bate-boca, entre alguns sócios do Desportivo Maputo, que amotinaram-se na sede do clube, a exigir a demissão do presidente Paulo Ratilal, e a direcção da colectividade, com o respectivo presidente a dizer que não se demite por causa de 20 “arruaceiros”. Os sócios voltaram à carga com uma carta que esclarece que são sócios e não desordeiros e nem arruaceiros.
A crise do Desportivo Maputo começou na passada quarta-feira, quando cerca de 20 sócios invadiram as instalações da colectividade reivindicando as decisões da direcção, nomeadamente o facto de não ter aceitado disputar a liguilha que iria definir a 12ª equipa para completar o lote das que vão disputar o Moçambola 2022, com o Matchedje de Mocuba e o Textáfrica do Chimoio. Os mesmos diziam que “por orgulho de quem acha que entende de direito, quando na verdade é porque não conseguiram fundos para viabilizar a ida à Liguilha. Por isso devem sair”.
Os manifestantes entendiam que a direcção liderada por Paulo Ratilal devia cessar imediatamente as funções de modo a permitir que sejam convocadas, até 31 de Dezembro, eleições para a escolha de novos órgãos sociais, mesmo tendo em conta que o presidente dos “alvi-negros” foi eleito em Março deste ano.
Durante as referidas manifestações, alguns sócios diziam que “o Desportivo só piorou este ano. Os atletas estão com cerca de dez meses de salários em atraso. Os funcionários e os treinadores também. Não pagam e este clube tem direcção. Se é para não fazerem nada, convém mesmo saírem”.
Entretanto, o presidente da direcção convocou a imprensa um dia depois, na quinta-feira, e chamou os manifestantes de “arruaceiros”, olhando para a forma como chegaram ao clube e fizeram a sua manifestação. Paulo Ratilal disse ainda que não se iria demitir, já que “não podem ser 20 pessoas que chegam aqui, ameaçam o presidente, ameaçam as instalações, perturbam a ordem pública e a direcção é que tem de se demitir porque estes indivíduos assim o querem”.
Ratilal falou do Direito Democrático que todos têm e que, pois isso mesmo, “nós estamos a tratar com as autoridades competentes, nomeadamente a Polícia da República de Moçambique, a Procuradoria-Geral da República, a Direcção Nacional da Justiça e o Ministério do Trabalho. É que não podem ser 20 pessoas a pedir a minha demissão, ameaçando partir o Desportivo”, até porque “criar bagunça é fácil, ao contrário de organizar as coisas”, segundo o presidente dos “alvi-negros”.
Os sócios não gostaram da forma como o presidente do Desportivo Maputo dirigiu-se a eles, via comunicação social e, através de uma carta procuram esclarecer que “somos sócios devidamente identificados, com quotas em dia o que nos conferiu o direito de votar nesta direcção e, por sinal até somos a maioria, estando por conseguinte em pleno gozo dos nossos direitos”.
Os mesmos negam ter protagonizado actos de vandalismo e violência e por isso considerarem de “total e tamanha falta de respeito” afirmar que foram agitados por pessoas alheias.
Os sócios, em carta, dizem estar conscientes de estarem numa crise de gestão, tendo em conta que a direcção “nunca se reuniu e, particularmente, o presidente desde o seu acto de tomada de posse ocorrido em Março, apenas esteve no clube 4 vezes.
Na mesma carta dizem ainda que a reivindicação visa “que se respeitem os estatutos que têm sido atropelados de forma recorrente tanto pelo presidente da direcção, Paulo Ratilal, bem como pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral, João Figueiredo”.
É nesta crise que o Desportivo Maputo está afundado, mesmo depois da confirmação da sua despromoção do Moçambola do próximo ano, em virtude de ter terminado o campeonato nacional deste ano na última posição.
Está assim instalada a crise com o braço-de-ferro entre os (poucos) sócios e a direcção do Desportivo Maputo. Caso para dizer que a procissão ainda vai no adro no ninho da águia.