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“Estou trazendo coisas velhas como as casas de madeira e zinco”

A partir de quarta-feira, Luís Bernardo Honwana não será mais um escritor de apenas único livro publicado, mas continuará sendo de único livro de ficção. Cinquenta e três anos depois, “Nós matámos o Cão-tinhoso” ganha um “irmão”. Ainda não se sabe se é o fim da crise de obras na prateleira do escritor. O que importa, segundo disse hoje aos jornalistas, é que o seu foco neste momento está para “A velha casa de madeira e zinco”.
Luís Bernardo Honwana partilha, em forma de livro, ensaios, crónicas, depoimentos e testemunhos, uns já publicados em livros, jornais e revistas nacionais e estrangeiras, e outros ainda inéditos.

“Estes textos que estão agora reunidos neste livro são textos que se referem a várias discussões: discussões com pessoas, discussões que decorrem de apresentações que fiz em vários momentos e discussões comigo próprio”, contou Honwana, acrescentando também que são discussões que se referem a temas relevantes, por isso a ideia de trazê-las à luz do dia e para alimentarem uma discussão mais alargada.

A este conjunto de textos, o autor chamou de “A velha casa de madeira e zinco”. E a razão é simples: “este livro finalmente discute coisas que se passam com as pessoas que viviam em casas de madeira e zinco ou são coisas tomadas a partir da perspectiva de pessoas que viveram naquelas casas. Mas passa-se que as casas de madeira e zinco já estão velhas. Estou trazendo coisas que são tão velhas como essas casas.

Questionado a razão pela qual não mais escreveu ficção, Honwana disse, em poucas palavras, que não havia outra razão. Entretanto, recordou que ao longo do período que esteve ausente dedicou-se a outras tarefas.

Quem partilhou a mesa com Honwana foi Calane da Silva. Para o escritor, a simbologia que aparece na capa (a imagem de uma casa de madeira e zinco) tem a ver não só com a história, com a cultura, com o renascimento de um pensamento até protonacionalista, depois nacionalista e depois revolucionário. “Uma casa de madeira e zinco para nós simboliza muita coisa. E estes textos são extraordinários sob ponto de vista de todo um conjunto de questões e de ideias para todo o país”, disse.    

Além do lançamento do livro, a Estação Central dos CFM, em Maputo, vai acolher a exposição “Madeira e Zinco”. Trata-se de um conjunto de obras que estará patente na galeria Kulungwana e que vai acompanhar a narrativa escrita.

 

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