Depois do ultimato dado na última quinta-feira pelo Conselho Municipal da Cidade de Maputo, os vendedores de carvão vegetal, lenha e estacas usadas para a construção já saíram das bermas da linha férrea. Entretanto, os mesmos reprovam os locais indicados pela edilidade para continuarem a actividade.
Até quinta-feira passada, a imagem que caracterizava o lado externo da Gare de Mercadorias era de bancas e barracas, lenha, sacos, montinhos de carvão e outros produtos de origem vegetal e esses faziam a “paisagem” daquele local. Tudo isto acontecia ao redor da linha férrea, a chamada linha do Limpopo que parte da estação Central dos CFM, na baixa da cidade de Maputo, até Chicualacuala, província de Gaza.
Na manhã deste domingo, a equipa de reportagem do “O País” voltou ao local e encontrou uma imagem diferente, isto é, sem vendedores nas bermas da linha férrea do Limpopo, entre os bairros FPLM e Mavalane na cidade de Maputo e, no referido espaço, as crianças já jogam bola, algo que era impensável há bem pouco tempo.
Carlota Mucachi saiu da ferrovia, mas continua a vender carvão na sua casa. “Já fui ver o espaço lá no mercado, mas não gostei, porque o espaço é pequeno”. Apesar das “deploráveis”condições do espaço indicado, Carlota diz que vai ao mercado.
Maria Chioze, outra vendedeira de carvão vegetal na zona da Gare de Mercadorias, diz que, neste momento, o negócio vai mal, porque já não há possibilidade para vender, mas reprova o local onde lhe foi indicado por não reunir condições adequadas para continuar a actividade.
Muitos dos vendedores que exerciam a sua actividade de venda de lenha, carvão e estacas usadas para a construção e outras dizem que os mercados indicados não reúnem condições para a continuidade da actividade para além de, alegadamente, haver mistura, nos mercados, de produtos alimentares e carvão, o que pode perigar a saúde pública.
Para alguns residentes daqueles bairros, a retirada dos vendedores foi bem pensada. Quem assim o diz é Rui Mabjeca que reside no Bairro de Mavalane há vários anos. “Agora estamos satisfeitos, porque havia, aqui, muitas casinhas, barracas onde se escondiam malfeitores que, na calada da noite, assaltavam pessoas”.
O “O País” deslocou-se, igualmente, até ao mercado 12 de Outubro, também conhecido como “Boa Mbilo”, no interior do Bairro de Hulene, para aferir o nível de organização e condições já existentes. Na verdade, não há, até este momento, condições criadas para permanência de vendedores – não há sombra e ainda não foram erguidas as bancas e/ou barracas; o espaço é pequeno, o que dificulta a movimentação de camiões que vão fazer o descarregamento dos produtos.