Seis camiões carregados de madeira contrabandeada foram apreendidos, na noite da última terça-feira, em Inchope, província de Sofala, anunciou, ontem, o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER).
Segundo Emília Fumo, inspectora do MITADER, os automobilistas traziam guias de transporte falsificadas, de uma quantidade de madeira que estava a ser transportada do distrito de Marínguè para a cidade da Beira.
A falsificação de guias de trânsito para circular com madeira contrabandeada é um método que ganhou espaço no fenómeno da exploração ilegal da madeira e foi adoptada como uma maneira nova de facilitar o contrabando e transporte de madeira, a partir dos locais de corte ou do parque.
“Fomos descobrindo novas maneiras de funcionar e uma delas, é o aparecimento de guias falsas, através das quais os motoristas podem fazer o transporte da madeira, seja dos parques ou dos locais de corte, ou até onde essa madeira será dada o seu destino’’, revelou a inspectora.
As modalidades de exploração ilegal não param por aí. A inspecção detectou, esta semana, um novo fenómeno que consiste na aquisição de guias falsas nas gráficas.
O MITADER indica que na gráfica contratada para fabricar as guias de trânsito, desapareceram três livros, o que corresponde a trinta guias de circulação.
“Nesta gráfica desapareceram três livros, cada um deles contém dez guias, o que significa trinta guias falsas a circularem a favor do contrabando. Foram extraviadas dentro de gráfica por nós contratada’’, referiu.
Em conexão com o caso, estão detidos dois funcionários da gráfica, sendo um funcionário interno e um segurança, que são tidos como os responsáveis que permitiram que os livros pudessem passar.
“Estamos também para detectar os mandantes e os compradores das guias, dentro da gráfica. As autoridades estão a trabalhar e tomar medidas do caso. Já temos um mandato de busca e captura para alguns indivíduos que se encontram foragidos’’, revelou.
Foram dois livros da província da Zambézia e um da província de Sofala. Algumas guias foram encontradas nos seis camiões que foram apreendidos na passada terça-feira. O desaparecimento dos livros implica um prejuízo de cerca de um milhão e quinhentos meticais para o Estado.
Ainda assim, o MITADER considera que as receitas do sector triplicaram em relação à situação anterior. O grande desafio com que se depara na fiscalização é o abate dentro das florestas. O aumento da fiscalização e controlo interno dos funcionários são apontados como as causas do crescente controlo dos locais de abate de madeira. Só no segundo semestre deste ano, correm 17 processos-crime contra fiscais envolvidos em actos de corrupção.
17 fiscais do MITADER envolvidos em corrupção neste semestre
O MITADER considera que, desde a implementação do programa ‘’corrupção zero’’, os níveis de actividade ilícita estão a baixar. Ainda assim, a colocação de novas maneiras de exploração ilegal da madeira representa um desafio cerrado para o sector. Neste semestre, estão a correr 17 processos-crime contra funcionários do pelouro envolvidos em actos de corrupção. A conivência de fiscais nos parques de exploração de madeira é um fenómeno recorrente.
‘’O processo de ‘corrupção zero’ continua. Até esta altura temos um número significativo de fiscais envolvidos em actos de corrupção, a nível das províncias em todo o país. Só nesta semana, tivemos conhecimento de três processos que correm, em termos gerais, são 17 processos apresentados, que estamos a articular junto com a Procuradoria-Geral da República’’, disse.
O Estado arrecadou em 2016, um total de 144 milhões de meticais, provenientes de receitas da exploração da madeira. Espera-se que, este ano, as receitas atinjam um nível ainda maior, a julgar pelas medidas implementadas no sector das florestas. O controlo efectivo interno e a fiscalização representam as principais formas de incrementar as receitas do sector, vindas da exploração da madeira.