Mais um grupo de estrangeiros que circulavam ilegalmente no país acaba de ser neutralizado pela Polícia da República de Moçambique, no distrito de Caia em Sofala, quando se faziam transportar numa mini-bus de 15 lugares, que vinha do distrito de Gurué, província da Zambézia, rumo à cidade de Maputo.
No seio dos estrangeiros em alusão, estão duas mulheres. O grupo foi neutralizado sem nenhuma documentação. Em contacto com a imprensa, os somalis alegaram que são membros de uma igreja, cujo nome não revelaram e que entraram em Moçambique a partir da zona Norte, e o destino era a cidade de Maputo, conforme explicou a suposta líder do grupo que não quis ser identificada.
“Nós somos membros de uma igreja e estamos em Moçambique com um único objectivo; difundir a palavra de Deus. O nosso destino é a cidade de Maputo, onde pretendemos dar seguimento a nossa missão”.
O motorista, que responde pelo nome de António Langa, transportava os estrangeiros em referência desde o distrito de Gurué e explicou que foi contactado por um indivíduo, aparentemente de nacionalidade moçambicana, naquele município, que lhe pediu para transportar os somalis até Maputo.
“Eu estava ainda a tomar o meu pequeno-almoço, quando os passageiros entraram na minha viatura. Acordei com o interlocutor 100 mil meticais para transportar as pessoas, que seriam pagos de forma faseada. Percorremos cerca de 100 quilómetros e todos eles estavam em silêncio e ate achei estranho. A um dado momento, começaram a conversar, foi quando percebi que estavam a se comunicar numa língua estrangeira e questionei-lhes qual era a nacionalidade. Foi quando soube que eram da Somália”.
António Langa acrescentou ainda que como já era noite decidiu pernoitar no distrito de Caia. Naquela noite, a suposta pessoa que lhe contactou em Caia transferiu-lhe vinte mil meticais extras, para suportar as despesas de alojamento e de alimentação dos somalianos.
“Na manhã do dia seguinte, isto no passado domingo, ao tentar retomarem a viagem a viatura avariou. Ela estava com problemas eléctricos. Enquanto eu concertava a viatura, apareceu a Polícia e fiquei a saber que os meus passageiros não traziam nenhuma documentação consigo e foram neutralizados. Infelizmente eu também, indiciado de facilitar a movimentação de estrangeiros ilegais no país”.
Os serviços de Migração em Sofala dizem que as primeiras investigações concluíram que os 22 somalianos estão em Moçambique de forma ilegal. Magazi Singano, porta-voz dos Serviços de Migração em Sofala, explicou que os dados ainda não são claros sobre como os 22 estrangeiros entraram em Moçambique e a partir de que fronteira.
“Sabemos apenas que chegaram em Gurué num camião. Ainda não há dados em relação à fronteira que usaram par entrar no país. Os mesmos circulavam sem nenhuma documentação. Estamos a trabalhar com vista a conduzir ainda hoje os imigrantes ilegais para a cidade de Maputo, de onde serão posteriormente repatriados para o seu país de origem”.
Refira-se que no passado dia 19 de Janeiro deste ano, um outro grupo de estrangeiros, composto por 17 pessoas, de nacionalidade malawiana, foi encontrado pela Polícia ao longo da Estrada Nacional número 1, há cerca de 10 quilómetros da ponte sobre o rio Save, próximo do desvio para o distrito de Machanga. Na altura, os malawianos alegaram que seguiam para a vizinha África de sul, igualmente numa missão religiosa.
De acordo com os Serviços de Migração em Sofala, os malawianos entraram legalmente no país e não possuíam recursos financeiros para sustentarem a suposta viagem rumo à vizinha África do Sul.
Na altura, o líder dos malawianos afirmou que faz viagens constantes para África de sul, passando por Moçambique e que estava surpreendido com a neutralização, porque tinham passaportes.
O referido grupo foi transportado posteriormente para a cidade de Chimoio, onde seguiram depois para a província de Tete de onde foram repatriados para a sua terra de origem.
Ainda em Sofala, no dia 27 de Janeiro passado, as autoridades policiais detiveram na cidade da Beira, um casal supostamente de nacionalidade camaronesa, que se fazia acompanhar por um menor de três anos de idade por suspeita de tráfico e imigração ilegal.
O casal, que não possuía nenhuma documentação, assim como o suposto filho, alegou também que estava na Beira ido da África do sul, numa missão religiosa e que no Chiveve pretendiam difundir a palavra de Deus.
Face a estas circunstâncias, as autoridades de Sofala começam a acreditar na existência de uma rede de facilitadores que usam o nome de religião para fazer movimentar estrangeiros de forma ilegal no país, e garantiram que vão reforçar as medidas de segurança.