A sexta edição da Feira do Livro de Maputo, cujo tema é (re)pensar a criação literária em tempos da pandemia, vai decorrer entre os dias 22 e 24 de Outubro, reunindo autores, editores, jornalistas, investigadores e críticos de oito países. Nesta edição, a Feira organizada pelo Conselho Municipal de Maputo homenageia a escritora Paulina Chiziane.
Pelo sexto ano consecutivo, o Conselho Municipal da Cidade de Maputo volta a acolher a Feira do Livro de Maputo, desta vez no espaço virtual, dada à vigência da pandemia da COVID-19, que grassa o mundo. Mesmo assim, no meio de tantas restrições, a literatura volta a estar no centro das atenções na cidade das acácias e no mundo simultaneamente.
Desde 2015 que a edilidade da capital moçambicana tem vindo a organizar a Feira do Livro de Maputo, com vista a celebrar e promover a literatura moçambicana e internacional nas suas variadas formas de actuação, ligando-a com outras áreas artísticas, que têm na literatura a fonte para sua execução, pretendendo promover mais e melhor acesso ao livro e ao gosto pela leitura no país.
A edição deste ano homenageia a escritora moçambicana Paulina Chiziane, pelos seus 30 anos de criação literária. A sessão de elogio a homenageada ficará a cargo do filósofo Dionísio Bahule, da editora e professora de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa na Universidade Federal Fluminense (Brasil), Iris Amâncio, Tânia Lima, professora do departamento de letras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Brasil), a actriz Ana Magaia, entre outros que já confirmaram presença no evento.
A estes juntam-se, como autores convidados da feira, os cabo-verdianos Danny Spínola e Eurídice Monteiro, os portugueses João Nuno Azambuja e Marília Miranda Lopes, os espanhóis, Esteve Bosch de Jaureguízar e Ana Manso, os moçambicanos Armando Artur, Teresa Manjate, Eduardo Quive, Nelson Lineu, Jessemuce Cacinda, Ana Mafalda Leite e Sara Jona, os brasileiros Ana Elisa Ribeiro, Regina Dalcastagnè, o guineense Tony Tcheka, entre outros.
Aliás, a edição deste ano, totalmente virtual, assenta numa frase da Paulina Chiziane, “Digo-vos, porém, que cada mundo tem a sua beleza”. E continua a apostar na forte presença de escritores e outros profissionais das letras nacionais e estrangeiros, num total de 16, como forma de alargar horizontes e apostar na internacionalização.
A coordenação da feira disse que mesmo sendo uma organização diferente, num ano atípico, que condiciona o uso das plataformas virtuais, a feira vai na linha do que tem defendido a política cultural da edilidade. A coordenação realça que se trata de um evento interessante e importante. “Fomos apanhados desprevenidos com a presente crise da pandemia da COVID-19 e estamos preocupados em produzir um certame de grande envergadura, cuja complexidade, chama-nos atenção à solidariedade e descoberta das potencialidades da comunicação online e quando a crise passar, estaremos a trilhar novos caminhos”, disse a nota do Conselho Municipal.
A nota do CMCM, porém, adverte: “A primeira edição online sempre traz muitas dúvidas e receios, mas também muita vontade de expandir o espaço da criação, com recurso ao digital no lugar do presencial e vai ser uma grande festa. O evento quer também identificar leituras e escritas em tempos de emergência, potencializar sonhos e utopias críticas ao novo normal, como forma de abrir portas para outros mundos, nomeadamente entre os escritores e leitores, privilegiando nesta sexta edição a produção de consciências literárias da crise, suas metamorfoses, incertezas e ambiguidades discursivas ao novo normal”.
O Conselho Municipal da Cidade de Maputo reconhece mesmo que, “como se trata de um problema global, toda a cadeia cultural encontra-se afectada, a literatura representa actos e formas de resistência nos momentos mais duros e dramáticos para a humanidade”. O presente tempo, aliás, sublinha, “tenta extrair conclusões desta última crise mundial, para depois projectar no futuro a dupla tarefa de descrever os efeitos da incerteza provocados pela pandemia e também de narrar as mudanças ocorridas na sociedade e olhar a literatura como uma modalidade de consciência social em tempos de crise”.
A feira será aberta oficialmente pelo Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Eneas Comiche, e a professora de literatura brasileira da Universidade de Brasília, Regina Dalcastagnè, fará uma conferência de abertura sobre a temática: Literatura em Tempos de Crise.
Inscrever Maputo na agenda mundial como uma “cidade literária”, reconhecida internacionalmente, continua a ser um dos propósitos da organização. A par disso, a iniciativa pretende promover a reflexão e o debate sobre o tema: (re)pensar a criação literária em tempos da pandemia.
A coordenação da Feira apontou a mobilização de parceiros para a retransmissão das sessões o que aumentará em muito o alcance desta edição, com isso, o certame vai chegar a novos e outros públicos, mas mostrou-se convicta de que esta é uma iniciativa para continuar.
“A Feira do Livro de Maputo, nas edições futuras abraçará o formato virtual, mesmo com as sessões presenciais, não abandonará a transmissão online, é nosso desejo, atingir uma cifra de 7 mil visualizações por debate”, disse.
O evento, classificado pela organização como uma “descoberta cultural” trará novas linguagens, desafios, soluções e formas de fazer a feira e sobretudo como nos adaptar às novas circunstâncias, que englobam riscos e uma especificidade de promoção marcada pela universalidade, vitalidade, atemporalidade e reinvenção.
Nesse sentido, há uma expectativa muito forte na Feira virtual, desde a eliminação das distâncias, a procura permanente de contactos nas redes sociais e o diálogo intercultural assente nas fronteiras invisíveis.
Com a realização da primeira edição virtual da Feira do Livro de Maputo a organização espera conseguir, com a sexta edição, atingir 50 mil visualizações, com o objectivo principal de aumentar a procura da cidade de Maputo como destino turístico, a procura da literatura e autores moçambicanos em particular e estrangeiros no geral, pelos leitores de todo mundo .
Das mesas temáticas, com a participação de escritores, professores, investigadores e editores, perfilam temas como “Cartografias literárias, mobilidades virtuais e alteridades; “Dialécticas literárias em tempos de crise: que ideias para o futuro?”; e “Literatura e Resistência: Para uma história do possível”.
Fonte: Conselho Municipal de Maputo.