A Procuradoria-Geral da República pediu autorização do Conselho de Estado para ouvir o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, sobre as dívidas ocultas. Na reunião do órgão realizada hoje, Guebuza prometeu prestar esclarecimentos solicitados, mas reclamou que está a ser vítima de uma tentativa de assassinato político.
O Presidente da República convocou, no passado dia 10, através de um documento, uma reunião do Conselho de Estado, em formato digital e com um e único ponto de agenda: apreciação do pedido da PGR.
O que Procuradoria-Geral da República pede é uma autorização do órgão para que o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, membro do Conselho de Estado, seja ouvido pelo Ministério Público para prestar esclarecimentos sobre o processo das dívidas ocultas.
Perante o Presidente da República, Filipe Nyusi, membros do órgão a destacar Alberto Chipande, Graça Machel, Alberto Vaquina, Daviz Simango e titulares de órgãos de soberania, Armando Guebuza começou por esclarecer: “Ao nos juntarmos à Frente de Libertação de Moçambique, ainda na clandestinidade, tínhamos a mais nobre aspiração de ver a nossa pátria, a pátria dos heróis, liberta do jugo colonial, garantindo a reafirmação da nossa moçambicanidade, o respeito dos direitos e liberdades e o bem-estar de todos os moçambicanos. E esta aspiração mantém-se intacta”.
Quanto às dívidas ocultas, sobre as quais o Ministério Público pretende saber, o antigo Presidente da República garante: “Iremos prestar os esclarecimentos solicitados, sem no entanto, deixar ficar a nossa desconfiança em relação à constante e desconforme actuação da Procuradoria-Geral da República. E temos razões de sobra para a falta de confiança no nosso Ministério Público”.
E essa falta de confiança, segundo Guebuza, decorre da forma como a PGR dirigiu, desde 2015 até esta parte, as investigações e detenções sobre o processo 1/PGR/2015.
“No ano de 2020, tomamos conhecimentos – pela imprensa, mais uma vez – de que a Procuradoria-Geral da República cita-nos num Tribunal Comercial de Londres, num processo relacionado às ‘dívidas ocultas’, estando nós no mesmo país e cidade da Digníssima Procuradora-Geral da República. É estranho que a nossa Procuradoria-Geral da República tenha preferido atravessar a África sub-sahariana, o deserto de Sahara, o Mar Mediterrâneo, a Europa continental e o Canal da Mancha, para obter esclarecimentos de um cidadão nacional e aqui residente”.
Por todos estes aspectos, o terceiro presidente na história de Moçambique conclui que: “Estamos, por isso, cientes de que esta solicitação da Procuradoria-Geral da República não é resultado do seu interesse em conformar-se com a lei, tão-pouco de descobrir a verdade material e fazer concomitante justiça, mas a continuação de uma campanha de tentativa de assassinato político, com recurso ao aparelho judiciário, que ganhou um tom tónico depois que proferimos uma palestra – à convite da Universidade Eduardo Mondlane – para falar sobre o Papel dos Jovens na Preservação e Valorização dos Ideais de Eduardo Mondlane, nosso chefe, líder e guia imortal, durante a luta de libertação nacional, no âmbito da celebração do seu centésimo aniversário, lançado por S. Excia o Presidente da República de Moçambique, no pretérito dia 03 de Fevereiro do ano em curso. A Procuradoria-Geral da República pretende calar Armando Emílio Guebuza, cidadão desta pátria de heróis e seu Antigo Presidente”.
A terceira, Guebuza reitera que embora aceite prestar esclarecimentos solicitados não confia na Procuradoria-geral da República.