O Hospital Provincial da Matola conta com uma média de apenas 35 unidades de sangue semanal, o que está a comprometer a disponibilidade deste liquido face à procura de 70 unidades.
Os serviços de maternidade, cirurgias e ortopedia são os que diariamente precisam de grandes quantidades de sangue, para o seu funcionamento, entretanto, as notícias são desanimadoras, para este hospital. É que a demanda é maior, mas o hospital não consegue responder devido à redução, nos últimos tempos, de dadores, resultante da pandemia da COVID-19.
Sem avançar dados específicos, a directora dos Serviços Províncias de Assuntos Sociais, Iolanda Da Silva Santos referiu que são necessárias mensalmente cerca de 280 unidades de sangue e neste momento, o hospital tem menos de 100 dadores voluntários.
“O número reduziu, de tal modo que, antes conseguíamos recolheu mais de 70 unidades de sangue por semana e agora conseguimos muito pouco, menos de 30”, avançou a directora.
O Hospital é socorrido pelo Serviço Nacional de Sangue (SENASA), que vezes sem conta, fornece sangue a esta unidade sanitária e mesmo assim não é suficiente.
No hospital, encontramos Isac Zaqueu, um menino de um ano de idade, que queimou enquanto brincava. Segundo a mãe, Ercília Zaqueu, o menor chegou ao hospital gravemente ferido e precisou de sangue para repor o que havia perdido e evitar uma anemia.
“Se não fosse o sangue que ele recebeu, não sei o que teria acontecido com ele”, sublinhou a mãe, que ainda lamenta a condição do filho, que poderá passar por uma cirurgia para enxerto da pele e sabe que vai precisar de mais sangue, que infelizmente, falta nesta unidade sanitária.
Sorte teve o pequeno Isac, mas nem sempre acontece o mesmo neste hospital. Segundo o director desta unidade sanitária, Artur Machava, “Tivemos um óbito esta semana, de uma parturiente que perdeu a vida, momentos após o parto, porque perdeu muito sangue e não tivemos suficiente para repor”.
O médico explica que, com redução no número de dadores voluntários a solução é recorrer ao SENASA ou mesmo conter-se o uso, ou seja, não basta o doente ter anemia para transfundir, é necessário que o profissional de saúde o faca de forma criteriosa.
Se por um lado há quem precisa receber sangue, por outro, é preciso que existam pessoas para doar.
Rachid Osman é dador há pelo menos 15 anos e no ano passado descobriu que é diabético, o que o obrigou a parar com a doação, mas por entender a importância, arranjou outra forma de ajudar a salvar vidas.
“Eu parei de doar sangue, mas persuadi o meu filho e a minha esposa a fazerem e são eles que agora fazem, a minha ideia é continuar a chamar mais pessoas para integrarem esta nobre causa”, disse o dador, Osman.
Já Deluérgia Ilda, que começou a doar sangue por questões de saúde, quando em 2015 descobriu que tinha 18 de hemoglobina o que é anormal, por isso devia doar sangue para reduzir a quantidade.
Para Ilda esta foi a melhor decisão que teve, pois não faz bem apenas a ela mas também ajuda a salvar Vidas.
Para os dadores “é importante que mais pessoas se juntem a nós, nesta causa, o número não pode mais reduzir, ou deve manter ou aumentar, mas reduzir não, por isso, queremos que mais pessoas juntem-se a nós, que mesmo sem usar batas brancas, salvem vidas”, apelou um dador.
A efeméride assinala-se em todo país sob o lema: Sangue Seguro Salva Vidas e tem como objectivo consciencializar a todos a doarem o preciso liquido, há quem precisa no leito hospitalar.