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Presidente do Egipto quer papel relevante para África na definição de decisões

O Presidente egípcio, Abdel-Fattah el-Sissi, reiterou os apelos a mudanças estruturais no Conselho de Segurança da ONU para garantir a África um papel mais relevante na definição das decisões globais.

El-Sissi fez o apelo a uma ordem mundial “mais pluralista” numa conferência da parceria Rússia-África realizada no Cairo, que contou com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, de ministros de mais de 50 países africanos, bem como de representantes de várias organizações africanas e regionais.

“A voz de África deve estar presente e ser influente na tomada de decisões globais, dada a importância humana, económica, política e demográfica do continente”, afirmou el-Sissi num comunicado lido pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros na sessão plenária da conferência. Acrescentou que as instituições financeiras internacionais precisam passar por reformas semelhantes para garantir à África uma representação equitativa.

Desde 2005 que a União Africana reivindica que África tenha, pelo menos, dois lugares permanentes com poder de veto e cinco lugares não permanentes no Conselho de Segurança. O Governo africano defende que tais reformas contribuiriam para alcançar a paz e a estabilidade no continente, que enfrenta guerras há décadas. No entanto, os países africanos ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre um mecanismo para seleccionar os seus potenciais representantes permanentes.

“Decidimos continuar a coordenar os nossos esforços em diversos fóruns, incluindo o objectivo de promover a reforma do Conselho de Segurança da ONU, tendo em conta os legítimos interesses dos Estados africanos”, disse Lavrov aos jornalistas numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo egípcio. O Conselho de Segurança, responsável pela manutenção da paz e da segurança internacionais, mantém-se inalterado desde 1945: 10 membros não permanentes de todas as regiões do mundo, eleitos para mandatos de dois anos sem poder de veto, pois cinco países que eram potências dominantes no final da Segunda Guerra Mundial são membros permanentes com poder de veto: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França.

Lavrov afirmou, anteriormente, que a conferência ministerial iniciou conversações com o objectivo de desenvolver um plano de acção para a cooperação entre 2026 e 2029. O plano será apresentado aos chefes de Estado na cimeira Rússia-África, agendada para o próximo ano. “Continuamos a ser um parceiro fiável para os Estados africanos no reforço da sua soberania nacional, tanto política como em matéria de segurança e noutras dimensões”, disse Lavrov na sessão plenária. “Estamos empenhados em explorar ainda mais o enorme potencial existente na nossa cooperação prática.” O fórum ganhou impulso desde a cimeira de 2023 na cidade russa de São Petersburgo, onde o presidente Vladimir Putin procurou o apoio dos líderes africanos e romper o isolamento político e económico imposto à Rússia pelos países ocidentais após a invasão da Ucrânia.

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