A ONU alertou que a ajuda humanitária na província de Cabo Delgado registou uma redução de 15% este ano. Até ao final de Julho, cerca de 782 mil pessoas receberam algum tipo de apoio, contra 923 mil no mesmo período de 2024, segundo um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Isso representa apenas 71% da população-alvo, estimada em 1,1 milhão de pessoas.
O OCHA aponta que a maior parte da assistência veio do Grupo de Segurança Alimentar e Meios de Subsistência, que alcançou as 782 mil pessoas, mas com distribuições bimestrais que cobrem apenas 39% das necessidades calóricas. Sem contar a ajuda alimentar, o número de beneficiários cai drasticamente para 427 mil.
O financiamento também sofreu uma forte queda: foram mobilizados apenas 66 milhões de dólares (cerca de 56,2 milhões de euros), face a uma necessidade de 352 milhões de dólares (cerca de 299,9 milhões de euros), o que representa uma redução de quase 45% em relação a 2024. Além disso, o número de organizações envolvidas passou de 78 para 56, incluindo 26 ONG internacionais, 21 nacionais, seis entidades governamentais e três agências da ONU. Atualmente, as ONG moçambicanas e as instituições do governo respondem por quase metade das operações.
Diante desta limitação, o Plano de Ação para o Desenvolvimento Sustentável de 2025 foi “hiper priorizado” em março, dando maior atenção aos distritos de Macomia, Muidumbe, Nangade e Quissanga. No entanto, a ONU destaca que a ajuda continua concentrada em segurança alimentar, enquanto áreas essenciais como abrigo, saúde, higiene e proteção permanecem gravemente carentes.
Paralelamente, a província enfrenta novos ataques armados desde julho, com incidentes em Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e, mais recentemente, em Mocímboa da Praia.
A província de Cabo Delgado regista um aumento de ataques terroristas desde Julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia.