Analistas defendem que a actual gestão da Linhas Aéreas de Moçambique deve explicar aos moçambicanos sobre a sobrefacturação das tarifas, que constitui um autêntico roubo. Ainda assim, Hélder Jauana e Alberto da Cruz entendem que a aquisição da nova aeronave é um passo importante para o país.
O impacto da reestruturação da Linhas Aéreas de Moçambique foi motivo de debate do programa “Ponto de Vista” da Stv, este domingo, com destaque para a aquisição da nova aeronave das Linhas Aéreas de Moçambique.
Para o analista político moçambicano, Hélder Jauana, esta aquisição torna-se num marco histórico para o país.
“Este é um facto importante porque sucede 18 anos depois, num período em que a LAM está numa crise profunda”, disse Jauana, recordando as promessas do Presidente da República, Daniel Chapo, e da administração da companhia aérea de bandeira, que diziam que até Outubro o país já teria aviões.
“Há uma aeronave, este é um facto que parece marginal, mas não é numa companhia que está envolvida numa crise profunda em que esta Comissão de Gestão está a trabalhar para retirar a companhia desta crise”, disse Hélder Jauana.
Alberto da Cruz, por seu turno, questiona os valores envolvidos na compra da aeronave. “Um Q400 no mercado internacional custa cerca de 27,1 milhões de dólares. Nas aeronaves desse género a depreciação é de cerca de 60%. Quer dizer que em média uma aeronave de segunda mão custa 20 milhões de dólares e depois compras uma Embraer 145-18 que custa 20 milhões e a segunda mão mais uma vez não pode passar de 60%”, questiona.
Da Cruz questiona “o que é que faz com que um Q400 de segunda mão no mercado normal, que devia custar 20 milhões, custa 6 milhões e com rumores de que devia custar 1,5 milhão”.
Comissão de Gestão deve explicar sobrefacturação de tarifas
Em relação à sobrefacturação das tarifas, Hélder Jauana anota que os actuais gestores devem explicar aos moçambicanos. “A gestão anterior deve vir explicar o que é que se passou, porque estes factos remetem-se ao passado. É verdade que quem está a liderar deve ter elementos para explicar e eu espero que, a bem do Dane Kondic, com os dados que os técnicos que a LAM tem e lhe vão fornecer, possa vir explicar o que é que leva àquela inflacção no programa passado”, sugeriu Jauana.
O analista político frisou ainda que a sobrefacturação de tarifas constitui “um assalto aos nossos bolsos”, até porque muita gente paga o bilhete e não olha para o preço. “Eu sempre que pago, compro uma passagem, olho para os valores de cada coisa. É verdadeiramente um assalto, um roubo aos passageiros”, destacou.
Por isso, Hélder da Cruz entende que deve haver uma reestruturação profunda nas Linha Aéreas de Moçambique.
“Se houvesse uma verdadeira reestruturação, a primeira coisa que se faria é mandar embora todo mundo, pagar as finanças da indemnização a quem precisa dar. É importante que isso seja feito, porque também se olharmos para a LAM, ninguém pergunta quem são os trabalhadores da LAM. Todos eles são agentes que têm alguma ligação política, alguma ligação das elites”, explicou a sua posição.
Para o analista político moçambicano, “aquilo é uma vaca leiteira para alimentar a classe média alta”, sugerindo que se é para fazer a reestruturação da LAM, “é preciso que essa Comissão de Gestão comece a fazer trabalho visível”.
Ou seja, para Hélder da Cruz “chegar aqui com uma aeronave, para mim cansada, olhando todos os dados que eu tive, isso não era reestruturação”.
Em relação às divergências entre o Governo e a Mozal, os analistas defendem que o Executivo deve se impor na mesa de negociações.