O país registou uma ligeira redução do custo de vida em Junho deste ano, com uma deflação de 0,07%, impulsionada sobretudo pela queda dos preços do tomate, couve, alface, feijão manteiga, gasóleo e gasolina. No entanto, comparando com Junho de 2024, o custo de vida continua mais elevado, com uma inflação homóloga de 4,15%, reflectindo aumentos persistentes nos preços de alimentos e serviços básicos.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o alívio verificado em Junho marca uma inversão momentânea na tendência de subida de preços registada ao longo do primeiro semestre. No acumulado do ano, a inflação situa-se, agora, em 1,20%, com destaque para as divisões de Alimentação e bebidas não-alcoólicas e Restaurantes e similares, que contribuíram com 0,43 pontos percentuais cada para esse valor.
Em Junho, vários alimentos básicos ficaram mais baratos nos mercados moçambicanos. Hortaliças como o tomate, a couve e a alface registaram quedas de preços entre 7% e 9%, enquanto o feijão manteiga e o coco também baixaram, com reduções entre 3% e 6%. Esses produtos, amplamente consumidos pelas famílias, ajudaram a aliviar o custo de vida no mês.
Estes produtos foram responsáveis por cerca de 0,32 pontos percentuais negativos na variação mensal. A redução dos preços destes itens, essenciais na dieta diária, contribuiu diretamente para o alívio no custo de vida durante o mês.
Outro factor que contribuiu para a redução do custo de vida em Junho foi a queda nos preços dos combustíveis. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, o gasóleo ficou 3,1% mais barato e a gasolina teve uma redução de 1,0%, aliviando os custos com transporte e distribuição de produtos.
Produtos que contrariaram a queda:
Apesar da queda geral de preços, alguns produtos ficaram mais caros em Junho e reduziram o impacto da deflação. Entre os que subiram estão o pão de trigo (+2,8%), o carapau (+2,1%), o peixe fresco e seco (ambos +1,2%) e a galinha viva (+1,5%). Também houve aumento nos produtos para o lar, como lençóis e fronhas (+4,9%), e nos veículos em segunda mão, com uma subida de 3,4%. Esses aumentos reflectiram-se no dia-a-dia, especialmente em produtos de consumo regular e bens duráveis.
Esses produtos contribuíram com 0,20 pontos percentuais positivos para a variação mensal.
Embora Junho tenha registado uma ligeira queda nos preços, os dados mostram que a vida continua mais cara do que há um ano. A inflação homóloga foi de 4,15%, o que significa que, em média, os preços subiram 4 meticais por cada 100, em comparação com Junho de 2024. Os maiores aumentos foram nas áreas de alimentação e bebidas não alcoólicas (+9,38%) e restaurantes, hotéis e cafés (+8,53%), sectores que pesam directamente no bolso das famílias.
Produtos como pão de trigo, arroz em grão, feijão manteiga, sumos naturais, refeições em restaurantes e sabão em barra mantêm tendência de subida e contribuíram com 0,98 pontos percentuais para a inflação acumulada.
Por exemplo, uma refeição que custava 100 meticais em Junho de 2024 passou a custar 109 meticais em Junho deste ano.
Já a análise regional mostra que o aumento do custo de vida foi mais sentido em algumas zonas do país. As maiores subidas de preços, em comparação com Junho de 2024, ocorreram em Tete (+6,31%), Xai-Xai (+5,67%), Inhambane (+5,53%), Beira (+4,43%) e Chimoio (+4,07%), indicando que estas regiões enfrentaram uma inflação acima da média nacional.
Maputo registou uma inflação homóloga de 3,68%, enquanto Quelimane teve a mais baixa, com 2,72%.
A deflação registada em Junho oferece um alívio momentâneo às famílias, sobretudo em produtos alimentares e transportes. No entanto, a inflação homóloga revela que a vida continua mais cara do que há um ano. O impacto é sentido principalmente pelas famílias com rendimentos mais baixos, que destinam grande parte do orçamento mensal para alimentação, transporte e serviços básicos.
Apesar do recuo pontual, os dados indicam que o custo de vida em Moçambique mantém-se pressionado por factores estruturais e globais, exigindo monitoria constante da evolução dos preços e da capacidade das famílias em enfrentar as dificuldades económicas.