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Mais de 400 crianças na RDC recrutadas por milícias em dois meses

Mais de 400 crianças no leste da República Democrática do Congo (RDC) foram recrutadas por grupos armados, em Janeiro e Fevereiro deste ano, algumas com apenas 14 anos de idade, segundo anunciou hoje a Save the Children.

Os parceiros locais da Save the Children, que trabalham na proteção de crianças no Kivu do Norte e do Sul documentaram mais de 400 casos de crianças associadas a grupos armados entre Janeiro e Fevereiro de 2025, quando a violência aumentou na região oriental do país”, declarou a organização em comunicado.

Segundo as informações recolhidas pelos parceiros locais, algumas das crianças terão sido recrutadas nas suas comunidades e levadas para o mato para serem treinadas a manusear armas contra a sua vontade ou, no caso das meninas, muitas vezes vítimas de violência sexual.

O recrutamento, utilização e rapto de crianças em conflitos armados é uma grave violação do direito humanitário internacional e pode constituir um crime de guerra, lembra a Save the Children. 

“As crianças são frequentemente alvo de recrutamento porque são baratas, mais fáceis de controlar e manipular e porque esperam que os adultos as protejam”, lamentou.

A Organização Não-Governamental (ONG) frisou também que tem programas que apoiam crianças que foram resgatadas de grupos armados e que em 2024 prestou assistência a pelo menos 220 crianças libertadas “de grupos armados em Ituri, Kivu do Norte e Kivu do Sul”.

“Estas crianças [libertadas] recebem apoio psicossocial e económico para as ajudar a reintegrarem-se nas suas comunidades”, contextualizou.

Segundo a ONG, dependendo da idade, algumas crianças podem regressar à escola, enquanto outras podem receber formação profissional “em competências práticas como alfaiataria, carpintaria ou mecânica”.

Para a ONG, nos últimos anos, a RDC, país vizinho de Angola, fez progressos na abordagem da questão do recrutamento de crianças, incluindo a adoção de um plano de ação em 2012 e a criação de um grupo de trabalho técnico conjunto para coordenar a sua aplicação. No entanto, “há ainda muito trabalho a fazer para garantir a proteção das crianças contra todas as formas de violência”, indicou.

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