A fome está a fustigar a província de Gaza, devido à seca prolongada que se verifica, em particular, no distrito de Limpopo. Apesar disso, o administrador nega a existência de bolsas de fome.
A seca agravada pelo fenómeno El Niño afecta severamente a província de Gaza. Famílias procuram saídas para escapar à fome extrema em Chicumbane no distrito de Limpopo.
João Conjo, residente em Chicumbane, uma das localidades do distrito de Limpopo, é exemplo da falta de alimentos e vive a situação da fome de perto. Diz que é uma ginástica fazer a divisão do dinheiro que consegue adquirir por dia para alimentar a família. “Cada dia eu levo 30 pães para vender, só ganho 30 meticais. Por exemplo, hoje só consegui vender 15 pães, restaram 15. Assim também é difícil preparar alimentos”, disse.
Ermelinda Justino 46 anos é mãe de 3 filhos, narra que estiagem arrasou tudo no seu pedaço de terra, e para alimentar a sua família tem feito trabalhos domésticos na sua comunidade. “Tive uma solicitação para fazer um trabalho na comunidade e recebi 35 meticais. É com esse dinheiro que consigo sustentar a minha família”, disse Ermelinda Justino.
A divisão desse valor exige um esforço bastante aturado, segundo conta Ermelinda Justino, que avança que “tirei parte do dinheiro e comprei cacana. Com os outros 20 meticais, vou comprar farinha para preparar a refeição”, sugere.
Para Ermelinda esta é uma situação que provoca sofrimento e incomoda as crianças. “As crianças vivem chorando, por falta de alimentos, por isso, fazemos o que podemos para aliviar a sua fome, e conseguir ter sono durante a noite”, revela.
Agricultora há mais de 30 anos, Florinda Almeida, diz ter perdido cerca de 4 hectares de culturas diversas, na última campanha agrícola. Infelizmente não conseguiu colher o que quer que seja, uma vez que nada encontrou.
“Vinha colher folhas de mandioca, mas infelizmente está tudo seco. Não temos comida”, lamenta, destacando ainda que a situação não tem sido boa nos últimos meses.
Mas há mais pessoas e famílias a viverem na extrema pobreza. É o caso do casal Júlio Bila e Maria Matusse que socorrem-se de mangas para contornar a fome.
Produtor de natureza, Júlio lamenta as perdas que teve. “Infelizmente, tivemos perda de culturas”, disse Júlio, confirmando que acabam recorredo a mangas para alimentar-se: “sim, alimentamo-nos de mangas. Do contrário, nada temos para comer”.
Entretanto, o administrador Virgílio Muchanga diz que o distrito de Limpopo não regista bolsas de fome. “Realmente a seca que se faz sentir afecta a todos, mas asseguramos estar garantida a segurança alimentar no nosso distrito. Sobre a existência de bolsas de fome no distrito de Limpopo, temos a dizer que não há registo. O nosso distrito é autosuficiente na produção de outras culturas”.
A Seca extrema arrasou mais de 150 hectares de culturas diversas no Limpopo em Gaza.