A Federação Moçambicana de Futebol apela à tranquilidade face à tensão que se vive no país, de modo a garantir a realização do jogo entre Moçambique e Mali, na sexta-feira. A FMF alerta que, em caso de qualquer ameaça à segurança, a CAF pode penalizar os Mambas com uma derrota e multa. O apelo foi feito também pelo seleccionador nacional e pelo capitão dos Mambas.
Os Mambas defrontam, esta sexta-feira, a sua congénere do Mali, em jogo da quinta e penúltima jornada da fase de qualificação para o CAN. Face à tensão que se vive no país, a Federação Moçambicana de Futebol convocou a imprensa, esta terça-feira, para apelar à calma e tranquilidade dos moçambicanos.
Feizal Sidat foi a primeira voz ouvida a deixar seu apelo, realçando que “como entidade gestora do futebol, queríamos reafirmar que estamos sensíveis e respeitamos a diversidade de ideias, de opiniões e queremos apelar aos nossos compatriotas e acreditamos que os moçambicanos, de forma geral, saberão compreender este momento, pois o futebol pode unir e promover a felicidade dos moçambicanos”.
Sidat pediu a presença do público no Estádio Nacional do Zimpeto, alertando que, em caso de não haver condições para a realização do jogo “o país poderá ser sancionado pela Confederação Africana de Futebol com uma derrota e uma pesada multa”, mesmo porque já não há espaço para a mudança do local da realização do jogo, uma vez que já estamos na data-FIFA.
O presidente da Federação Moçambicana de Futebol recorda que o embate diante do Mali é crucial para as contas da qualificação para o CAN e reafirma que “este é um momento de união entre os moçambicanos. Os Mambas são a expressão máxima do futebol moçambicano e, seguramente, um orgulho para toda a nação”.
Na busca por uma solução viável para garantir a realização do jogo, a FMF manteve encontro com os Ministérios da Defesa e do Interior. “Como sabemos, houve, na quinta-feira, uma manifestação. A nível internacional, foi divulgado pelos órgãos de informação internacionais e a CAF ficou preocupada. Na quinta-feira à noite, recebemos uma notificação da Confederação Africana de Futebol; na sexta-feira reunimo-nos com o Governo, a Secretaria do Estado do Desporto, com o Ministério do Interior, e mesmo na sexta-feira fizemos uma carta de conforto, uma carta de garantias da parte do Governo. É isso que a Confederação Africana de Futebol pretendia, e enviámos”.
Entretanto, e mesmo sem ter todas as garantias de segurança no país para a realização do jogo, no sábado a FMF recebeu uma nota da Confederação Africana de Futebol a dizer que o jogo vai realizar-se no solo pátrio.
Mas fica um alerta: “Se qualquer situação acontecer nesta semana, praticamente Moçambique vai perder o jogo. Portanto, é isso que a Confederação Africana vai decidir”.
Por isso, segundo Feizal Sidat, o apelo é que a situação seja calma em toda semana “não só no dia do jogo, mas a partir de agora, tendo em conta que a selecção do Mali já está cá, tem de ir treinar, a selecção do Moçambique tem de ir treinar, os árbitros terão de ir treinar também. Então, neste vaivém, é preciso garantir a segurança de todos os protagonistas no jogo”.
Para já, não há nenhuma indicação de possibilidade de realização do jogo à porta fechada, por parte da Confederação Africana de Futebol.
Conde e Dominguez também pedem apoio do público
O seleccionador nacional e o capitão dos Mambas juntaram-se às vozes de apelo e falam da importância do jogo com o Mali.
Para o seleccionador nacional, Chiquinho Conde, o jogo de sexta-feira, diante do Mali, é o das vidas dos jogadores e qualquer situação que possa acontecer para impedir a realização do jogo pode afectar negativamente o balneário dos Mambas.
Por isso, “aquilo a que podemos apelar é a serenidade. Queremos preparar o jogo com extrema tranquilidade, para que nós não percamos o foco daquilo que é a essência do futebol, que é o ópio do público”, disse Conde, que acrescentou ainda, em jeito de apelo “que no dia 15, às 18 horas, tenhamos uma onda vermelha, e o público presente no estádio para que nós possamos fazer a nossa festa, a festa da participação numa competição importante, quiçá com o vosso apoio e com a vossa dedicação, como sempre”.
Apesar de reconhecer que os Mambas estão bem encaminhados e a depender somente de si para garantir a qualificação, Conde conta com apoio do público, afinal “é o nosso 12º jogador, e foi juntamente com o público que nós conseguimos alcançar coisas extremamente importantes no panorama do futebol nacional”.
Já, parco em palavras, o capitão Dominguez limitou-se a pedir apoio dos adeptos no Zimpeto, na sexta-feira. “Queria pedir que o público esteja no estádio, em massa, que nos apoie, porque é um jogo importante, e tudo depende de todos nós. É mais um jogo importante que pode dar a nossa qualificação. Então, espero que toda a gente venha a Zimpeto”, disse o capitão.
Mambas ainda incompletos
O seleccionador nacional abordou aspectos ligados à preparação da equipa nacional, tendo referido que ainda não estão todos os convocados para o embate da sexta-feira.
“Infelizmente não temos toda a equipa presente, por várias vicissitudes, alterações de alguns jogos, e condicionado também das ligações aéreas, mas estamos a juntar-nos para que de facto nós comecemos a preparar este jogo”, disse, sem especificar os jogadores ainda ausentes.
Sabe-se, porém, que já houve alterações na convocatória inicial, com as saídas de Witi Quembo e Mexer Macandza, ambos por lesão, e as integrações de Melque, da Black Bulls, e Bhéu Januário, da União Desportiva de Songo.
Os Mambas realizaram uma sessão de treinos esta terça-feira, devendo realizar outra esta quarta-feira, já com o grupo completo, antes do último treino, quinta-feira, que antecede o jogo da sexta-feira, às 18h00, no Estádio Nacional do Zimpeto.
Recorde-se que o jogo entre Moçambique e Mali se insere na quinta jornada do grupo I de qualificação para o CAN 2025, em Marrocos. As duas selecções partilham a liderança do grupo com oito pontos, mais quatro que a Guiné-Bissau, enquanto Eswatini conta com apenas um ponto.