O antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, exorta os moçambicanos a absterem-se de actos de violência e destruição de bens públicos e privados. Joaquim Chissano reconhece os desafios do país, mas diz que só com serenidade e união é que podem ser ultrapassados.
Joaquim Chissano juntou-se, nesta quarta-feira, às vozes que condenam as manifestações violentas, que culminam com mortes, agressões e saques a empreendimentos diversos.
“Grupos se manifestam com violências nas ruas. Queimam pneus, atacam lojas, parece que querem estabelecer um clima de desordem no país. Tudo isto ocorre porque alguns dos concorrentes às eleições consideram que já venceram mesmo antes dos resultados finais terem sido anunciados. Compreendemos essa frustração. Mas fiquemos serenos, não haja maior valor que a vida. Já perdemos vidas demais. Já houve destruição demais”, disse Joaquim Chissano, no vídeo recebido pela nossa redacção.
Aos órgãos eleitorais e à Polícia, o antigo Presidente da República pede calma e serenidade: “Apelo aos órgãos eleitorais a agir com serenidade e a respeitar a vontade dos elitores. É dever da polícia enquadrar as manifestações. Em qualquer país, o dever de manifestar é respeitado. Mas os manifestantes têm obrigações: comportarem-se bem; não destruit propriedade pública e nem privada. Os manifestantes têm o direito de serem escoltados. Para mim, a manifestação é algo de normal. Tudo isto parece claro. O problema são os excessos, a começar pelo excesso de razão”, sublinhou.
O antigo Presidente da República lembrou que em Janeiro o novo presidente toma posse. “Aguardemos pelos resultados. Ninguém deve impor o seu candidato. Forçar o seu candidato fica perigosamente perto do golpe de Estado ou tomada de poder por meios incostitucionais. E tal não deve ser aceite de nenhuma maneira. Mas alguma leitura deve ser feita. Há um nível de descontentamento que deve ser tido em conta. O nosso país é grande, a nossa população é jovem. Há talentos e muitos participantes na política, tanto nos partidos antigos, como nos partidos novos. Há que aproveitar esses talentos”.
O antigo estadista deixa um recado ao próximo Governo: “Os jovens devem merecer mais atenção da governação. Não será possível resolver tudo e já, mas nova iniciativas devem ser desenvolvidas para apoiar a habitação dos jovens, por exemplo”.
Chissano termina apelando à paz e união das pessoas.