Na cidade da Beira está tudo calmo, mas existem inúmeros munícipes que não saíram das suas casas, entre eles funcionários públicos, privados e comerciantes. Eles não saíram das suas casas para garantirem a sua própria segurança.
Ernesto Bernardo, trabalhador numa loja que comercializa diversos bens, disse a este jornal que encontrou o aconchego familiar e a sua residência como melhor protecção.
“Veja que na greve registada na segunda-feira da semana passada, inalei muito fumo de gás lacrimogénio, quando me dirigia a casa, a pé, porque os chapas não estavam a operar normalmente. Na segunda greve, a da quinta-feira, regressei igualmente a pé. Percorri cerca de cinco quilómetros até a minha casa. Hoje decidi não sair de casa”.
Makida Hibraimo, proprietário de uma loja que comercializa vestuário, disse que estava com receio das manifestações. “Contudo a presença policial, nas redondezas, deu-me alguma segurança. Por isso decidi abrir a loja, pois, se não vendo, não terei como suportar várias despesas. As greves estão a prejudicar-nos bastante e rogo para que o governo encontre solução para este problema”.
No bairro do Maquinino, o epicentro das actividades económicas formais e informais e de ligações rodoviárias para dentro e fora da urbe, o ambiente estava igualmente calmo, e as actividades decorriam com algum receio de manifestações violentas que poderiam destruir bens.
O sector dos transportes foi o mais afectado. Vários transportes semi-colectivos estavam parados por falta de passageiros.
“Não houve nenhuma orientação da nossa parte para os transportadores não operarem. Aliás estão praticamente todos aqui na praça mas o movimento de passageiros não é o habitual. Há poucos passageiros”, explicou João Mussanhamba, representante da Associação dos transportadores da Beira.
E a SE da província de Sofala Cecília Chamutota repudiou a realização de manifestações indicando que as mesmas estão a condicionar a vida dos moçambicanos retraindo investimentos nos sectores públicos e privados.
“Queremos aproveitar esta ocasião para lamentar o envolvimento e instrumentalização de crianças e jovens inocentes nas manifestações para a defesa de interesses desconhecidos e obscuros com desrespeito as instituições. Por este e vários outros impactos negativos que estamos a ter apelamos a todos para não aderência dos residentes da província de Sofala, nas manifestações ilegais e violentas e a não partilha de mensagens e ou informações que incitem à violência”, exortou Cecília Chamutota.