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“Sustenta: (in)sustentável?”: livro lançado na segunda-feira em Maputo

Foto: O País

O programa Sustenta, do Governo, pode ter acentuado as desigualdades sociais dos agricultores no país, por ter beneficiado mais os médios em detrimento dos pequenos produtores. A conclusão é de João Mosca, Nelson Capiana e Yara Nova, que lançaram, esta segunda-feira, o livro intitulado “Sustenta: (in)sustentável?”.

Em algumas páginas, os escritores moçambicanos mostram um estudo sobre um dos maiores programas do Governo, com vista ao melhoramento da qualidade de vida das famílias rurais, através da promoção da agricultura sustentável em Moçambique.

Numa sala repleta de académicos e políticos, Rafael Uaiene foi quem teve a responsabilidade de apresentar a obra e, sem rodeios, convidou os autores a darem esclarecimentos.

João Mosca foi quem representou o trio e começou por tecer algumas críticas ao programa que, no seu entender, trouxe algumas desigualdades sociais para os agricultores.

“No estudo que nós fizemos, o Sustenta beneficiava de forma muito desigual um tipo de produtores. Os médios que já tinham tractores, um nível de mecanização e já estavam mais relacionados com o mercado. Eram exactamente os mais priorizados em termos de afectação de recursos. Portanto, isso poderia agravar as diferenças sociais, e essa tendência de agravamento poderia levantar situações de instabilidade social e outras dificuldades”, apontou João Mosca, em representação do trio de autores.

O escritor diz, ainda, que os produtores passaram a focar-se em produzir para vender, além de produzir para comer, o que pode ter comprometido a segurança alimentar em algumas zonas.

“Houve aumento de produção em culturas comerciais como gergelim, soja e milho, mas houve redução em outras culturas alimentares. A pergunta é a seguinte: porque os produtores que têm agora mais rendimento dedicam uma parte desse rendimento para comprar alimentos no mercado? Então, a questão da segurança alimentar pode ser garantida, uma parte, por via do mercado e não só através da autoprodução.

Se os produtores, que têm maior rendimento com o sustento, dedicam os seus rendimentos a outros consumos, então, a segurança alimentar pode ficar comprometida”, disse Mosca.

Sustenta o (in)sustentável já está nas prateleiras de Maputo e oferece uma análise profunda sobre os riscos e benefícios deste programa lançado em 2017 pelo Governo, com vista a catapultar a agricultura e, acima de tudo, controlar os níveis de fome no país.

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