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“Problema de raptos não pode ser resolvido por simples comentários”

O Presidente da República defende que o problema dos raptos no país não pode ser resolvido com simples comentários. Filipe Nyusi exige uma profunda reflexão, assim como medidas enérgicas para a resolução da situação.

O fenómeno, que eclodiu em 2011, tendo como alvos maioritariamente cidadãos de origem asiática, cria, segundo o Presidente da República, um sentimento de insegurança no seio da sociedade moçambicana.

Para Filipe Nyusi o problema dos raptos constitui um desafio para todos os moçambicanos, de tal maneira que é preciso que cada um faça a sua parte, de modo a contribuir para a sua erradicação.

“É um problema que ainda está longe de ser resolvido”, assume o Chefe do Estado, que diz, ainda assim, que é preciso não vergar perante as adversidades. Nesse sentido, segundo explicou no seu Informe sobre o Estado Geral da Nação, o Governo tem tomado medidas enérgicas na perspectiva de, pelo menos, reduzir o fluxo de casos.

“Estamos cientes de que ainda não estamos a conseguir resolver o fenómeno dos raptos no país, mas estamos a combater esse tipo de crime”, garante Nyusi.

Uma das medidas implementadas pelo Executivo moçambicano é a criação de unidades especiais e de inteligência, havendo um número considerável de agentes que está ainda em treinamento.

Apesar da potenciação dos diversos agentes ligados ao combate desse tipo de crime, persiste o desafio de dotar os sectores de investigação de equipamento de ponta, de modo a permitir mais eficácia no esclarecimento dos casos, desde o seu planeamento até à execução.

 

REVELADO MANDANTE DE RAPTOS

De Janeiro de 2023, ao presente mês, o país registou um total de 22 casos de raptos, tendo como vítimas cidadãos de origem asiática. Desse número, oito casos foram frustrados e 11 esclarecidos pelas autoridades, havendo a destacar que foram detidas 57 pessoas em conexão com esses crimes. As autoridades policiais desmantelaram, nesse período, quatro cativeiros.

Segundo explicou o Presidente da República, nas últimas três semanas, a polícia deteve três indivíduos envolvidos nos últimos raptos na Cidade de Maputo. Das investigações feitas, os mesmos revelaram o nome de um dos mandantes do crime, que, segundo Nyusi, é um empresário bem conhecido.

“Esse empresário não está em Moçambique. Já accionamos a INTERPOL para nos ajudar a identificar e deter o indivíduo. É preciso trazê-lo ao país para responder pelos seus crimes”, revela Filipe Nyusi.

Apesar desse esforço, o Chefe do Estado entende que persistem muitos desafios no que diz respeito à colaboração das vítimas, quando são resgatadas. Explicou que as mesmas têm mostrado alguma relutância para fornecer dados às autoridades por alegadamente terem medo de sofrer represálias.

“Temos de estudar esse fenómeno para vermos o que é que, de facto, está a acontecer. As vítimas falam de medo. Como é que vamos resolver o problema sem a colaboração deles? É preciso que haja maior sensibilidade, pois esse problema é de todos”, lamenta Nyusi.

Ainda no seu informe, Filipe Nyusi disse que, recentemente, foi depositada, na Assembleia da República, uma proposta de revisão da Lei Polícia da República de Moçambique, instrumento que tem em vista dotar a corporação de plenos poderes para a flexibilização e aprimoramento dos métodos de investigação.

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