Paulo Ratilal já não é presidente do Desportivo Maputo. O dirigente renunciou ao cargo na quarta-feira. A falta de apoio por parte dos sócios está na origem da sua decisão. Ratilal, que dirigiu os “alvi-negros” durante três anos, é o segundo presidente a demitir-se nos últimos quatro anos.
É o fim de mais um ciclo. Desportivo Maputo está desgovernado. Três anos após ter assumido a presidência do clube, Paulo Ratilal já não tem mais forças para continuar. Através de uma carta dirigida ao presidente da mesa da assembleia, apresentou, na quarta-feira, a renúncia do cargo de dirigente máximo do emblema “alvi-negro”. Ratilal explica, na carta, os motivos que precipitaram a sua decisão.
“Nos últimos três anos, tive a honra e o privilégio de servir como presidente desta prestigiosa instituição. No entanto, ao longo deste período, tenho sido testemunha de uma falta significativa de apoio por parte dos sócios do clube à direcção em funções, que se vem agravando a cada ano”, lê-se no documento.
Nesse sentido, e para salvaguardar os interesses do clube, Paulo Ratilal entende que a sua saída é a melhor solução. Foram três anos, tal como escreve na carta, em que travou muitas batalhas para acabar com os esquemas de roubos no clube, facto que lesafa os cofres do centenário emblema.
“Conseguimos renegociar as dívidas que herdámos no clube para com terceiros e evitar a penhora do património, além de lutarmos durante meses em tribunal com quem há anos não paga para usufruir, contratualmente, das instalações do Clube”, explica.
O diriginte afirma, por isso, que “saio de cabeça erguida por ter comprovado a todos, que o Desportivo pode ser gerido com rigor, transparência e que tem viabilidade financeira”.
Na referida carta, Ratilal diz ainda que a nível Desportivo, a sua equipa criou alicerces nas camadas base do Clube, tanto no futebol quanto no básquete.
“Temos a convicção de que irão produzir, em breve, grandes atletas. Ganhámos títulos nas várias modalidades, hóquei em patins, futebol, básquete, atletismo e ciclismo, pela dedicação e amor ao clube, dos atletas, treinadores e responsáveis de cada modalidade, que não desistiram de lutar pelo símbolo do Clube”, anota Ratilal.
O histórico de renúncias no Desportivo Maputo não é de hoje. Em 2020, Inácio Bernardo renunciou ao cargo de presidente dos “alvi-negros”.
E o motivo é o mesmo: falta de apoio por parte dos adeptos e sócios. Na altura, um grupo de sócios liderou uma manifestação para forçar a saída de Inácio Bernardo. No mesmo ano, Danilo Correia, que assumia o cargo de vice-presidente do clube, também colocou o cargo à disposição.