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António Muchanga ameaça formar Estado autónomo na Matola

António Muchanga, cabeça-de-lista da Renamo, ameaça declarar o município da Matola um Estado autónomo, caso o Conselho Constitucional não valide a sua vitória naquela autarquia. Muchanga promete inviabilizar a governação da Frelimo, porque defende que não existe mecanismo que possa desmentir que tenha vencido as eleições, no passado dia 11 de Outubro.

António Muchanga e outros membros e simpatizantes da Renamo, saíram hoje, para caminhar pelas ruas da Matola. Tratou-se da primeira passeata de Muchanga e seus apoiantes, depois da divulgação dos resultados das eleições autárquicas de 11 de Outubro.
A marcha, que iniciou às 10 horas, partiu no mercado de Malhampsene e terminou no mercado de Santos.

O ponto mais alto da caminhada que visava pressionar o Conselho Constitucional a ser justo, de acordo com António Muchanga, deu-se defronte do edifício do Conselho Municipal, onde apesar de posicionados bem próximos carros blindados e vários policiais, não houve incidentes.

Eram já por volta das 13h00 quando o cabeça-de-lista da Renamo, para a autarquia da Matola, falou ao Jornal O País. Muchanga disse esperar que o Conselho Constitucional não faça o que a Comissão Nacional de Eleições fez.

“O Conselho Constitucional disse que vai avaliar a minha reclamação, em sede de validação dos resultados, esse processo de validação dos resultados ainda não ocorreu. Espero, sinceramente, que o Conselho Constitucional não faça o que a CNE fez, porque se fizerem isso, Moçambique acabou. Nós não podemos ser proibidos de governar, porque também a Frelimo não vai governar, aqui”, ameaçou.

António Muchanga, cabeça-de-lista da Renamo, ameaça declarar o município da Matola um Estado autónomo, caso o Conselho Constitucional não valide a sua vitória naquela autarquia.

“Eu vou tomar Matola e já não como município. Vou transformar a minha Assembleia em Assembleia Republicana da Matola, vou criar o que eu quiser, aquilo que acontece na Somália, vou fazer aqui. os embaixadores que vierem, vão falar comigo, os outros vão falar com outros dirigentes”, explicou António Muchanga.

A Renamo garante que as marchas na Matola são para continuar, até que se declare que este partido venceu as eleições de 11 de Outubro. “Estas marchas vão continuar até o Conselho Constitucional dizer o que vai dizer. Depois disso vamos tomar outras medidas, mais radicais, como a declaração do Estado da Matola, do Estado de Maputo, Estado de Marracuene, Estado de Nampula, Estado de Matola-Rio, Estado de Nacala, de Quelimane, até governarmos em todos os municípios onde ganhamos.

Muchanga avança ainda ao jornal O País, que tem todas as provas de que venceu o escrutínio do mês passado e que o Conselho Constitucional tem em sua posse editais originais e acrescenta que organizações da sociedade civil, envolvidas na observação das eleições, também dão vitória a Renamo.

“Nós já entregamos editais à terceira Secção do Tribunal Judicial, entregamos editais a segunda, Secção e entregamos também à Comissão Nacional de Eleições para remeter ao Conselho Constitucional. Estão a aparecer, agora, organizações que fizeram contagem paralela cuja contagem é igual a nossa”

António Muchanga defende, por isso, que não existe mecanismo que possa desmentir que tenha vencido as eleições, no passado dia 11 de Outubro. “A Lei Eleitoral, dá o direito de os partidos com assento parlamentar indicarem um membro da mesa de voto. O primeiro escrutinador é da Frelimo, o segundo é da Renamo e o terceiro é do MDM. O do MDM e o da Renamo entregaram os editais, questiono por que o da Frelimo não entrega os editais, por que os delegados da Frelimo têm medo de entregar os editais”, indagou.

O cabeça-de-lista da Renamo para a Matola questiona a presença de Moçambique nas Nações Unidas e acusa Filipe Nyusi de ter as mãos sujas, perante a crise política instalada no país. “Nos não podemos ter pessoas que se dizem membros das Nações Unidas, quando são pessoas pouco civilizadas. Como é que as pessoas nas Nações Unidas se sentam com Nyusi, uma pessoa que tem mãos sujas, que nao lava a cara, come com civilizados ”

Muchanga lamentou ainda que mesmo com críticas de Graça Machel, para dentro da Frelimo, o discurso do partido continue optimista quanto a sua governação. “A avó dos gatunos, avó Graça, já disse, o tio Nihia, já disse…e tantas outras pessoas. Destaco essas duas figuras porque são pessoas que quando jovens deixaram de estudar para se juntar a frente de libertação de Nacional para libertar Moçambique, libertar a terra e os homens e eles tem em mente o discurso do saudoso Samora Machel, que dizia que não libertou o país para colocar gatunos no poder”, acrescenta.

O membro da Renamo defende que o actual Presidente da República, Filipe Nyusi, carrega todos os males do país. “Este actual Presidente que a Frelimo tem, carrega todos os males sobre ele. Roubam, sequestram, assassinam, traficam drogas, fazem tudo de mal”.

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