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41 anos de uma companhia que busca no povo a força e a razão

A Companhia Nacional de Canto e Dança celebrou, esta noite, 41 anos existência. O espectáculo de comemoração realizou-se com a presença do Presidente da República, no Centro Cultural Universitário da Universidade Eduardo Mondlane, na cidade de Maputo.

O verso foi dito com ênfase: “No povo buscamos a força e a razão”. Alto e bom-tom! Os protagonistas? Um conjunto de bailarinos de outros tempos da Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD), como que a justificarem a longevidade de um grupo que existe lá vão “apenas” 41 anos. Quer isto dizer que foi fundada em 1979, quatro anos depois de proclamada a independência nacional.

Num espectáculo realizado no Centro Cultural Universitário da UEM, várias gerações da CNCD juntaram-se para celebrar trajectos e percursos de uma instituição artística que levou para longe o nome de Moçambique. Por isso, como reconhecimento da sua contribuição na promoção da cultura, o Governo associou-se ao evento de celebração dos 41 anos de existência como forma de valorizar a obra feita e que ainda está por fazer.

Durante mais ou menos duas horas, na primeira fila, o Presidente da República viu os artistas contarem parte da história do país através da arte. A Companhia não só dançou. Igualmente, cantou, recitou poemas e desenrolou narrativas enraizadas na memória colectiva dos moçambicanos. E quando chegou o momento de subir ao palco, Filipe Nyusi, sorridente, livre das formalidades políticas, ainda ensaiou alguns passos de dança enquanto caminhava em direcção aos holofotes. Antes de tudo, primeiro confessou que a emoção de estar ali – naquele palco montado no Centro Cultural Universitário da UEM, localizado na Avenida Agostinho Neto, na cidade de Maputo – era grande. E ficou-se a saber porquê. Há muitos anos, no mesmo palco que discursava, afinal Filipe Nyusi dançou mesmo a valer. Na altura, o Presidente fazia parte de um grupo de jovens que vinha de Tunduru. Na primeira pessoa: “Em 1975, antes da independência nacional, eu dancei aqui”. Depois de algum espanto naquele centro cultura, prosseguiu: “Aqui revela-se a história de todo Moçambique, de todas as gerações”, por isso ter pedido que a Companhia continue o seu percurso como um clube infinito, inclusive, produzindo melhores jovens artistas.

Nesta noite de 17 de Dezembro, a CNCD voltou a ecoar a sua arte ao público muito tempo depois do seu último espectáculo. No palco foram exibidas várias danças moçambicanas, com maior destaque para xigubo. E, quem ficou até ao fim da sessão, ouviu a Ministra da Cultura e Turismo prometer que a mesma noite, de 17 de Dezembro, marca o regresso da Companhia Nacional de Canto e Dança. “É verdade que andamos um pouco desaparecidos, mas este é o primeiro sinal, de que vamos regressar”. A partir do próximo ano, de acordo com Eldevina Materula, a CNCD terá uma temporada.

Em 41 anos de existência da CNCD, o coreógrafo David Abílio serviu mais de 30 anos. “Nesta nova jornada, a Companhia arrancou com a minha obra. Esta é a maior homenagem que a Companhia podia prestar. Hoje senti-me valorizado e digo que valeu a pena todo o esforço”, afirmou David Abílio, de facto, antigo professor de teatro de Filipe Nyusi.

 

 

 

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