Pelo menos 22 pessoas morreram, durante a violência pós-eleitoral, nos últimos três dias, na cidade de Nampula. Deste número, 17 chegaram já sem vida ao hospital e há mais quatro vítimas de ferimentos em tratamento, segundo dados avançados pelo Hospital Central de Nampula.
Os dados foram partilhados pelo director geral do HCN, Cachimo Molina, dando conta que deram entrada, naquela que é a unidade de referência da zona norte de Moçambique, um total de 480 doentes, dos quais 116 com ferimentos provocados quer por arma de fogo ou outro tipo de arma.
“O que nos chama mais atenção é que temos pacientes, 116, que entraram vítimas de ferimentos, que não sabemos se foram por arma de fogo ou se foram por outras coisas”, disse.
Isso obrigou a equipa de médicos cirurgiões, assim como de médicos ortopedistas, a prolongar as horas de trabalho, para dar vazão ao elevado número de feridos. Molina referiu que o facto resultou no internamento de 31 pacientes, dos quais quatro foram internados nos cuidados intensivos e os restantes nas enfermarias de cirurgia e ortopedia.
“A nossa maior preocupação é com os pacientes que se encontram nos cuidados intensivos, que os médicos estão a fazer o máximo para ver se podemos recuperá-los”, disse.
Referiu que um dos maiores obstáculos é o transporte dos médicos e técnicos dos seus locais de residência ao HCN, devido as barricadas instaladas pelos manifestantes, que acabam condicionando a passagem dos médicos e profissionais de saúde.
“Então temos que utilizar os meios de transporte que temos, que são as ambulâncias. Nesse momento, três ambulâncias estão a fazer essa actividade de ir levar os técnicos que nós necessitamos para a unidade sanitária, ver se podem dar apoio aos outros”, explicou.
Acrescentou também que “ há colegas que não estão a conseguir chegar, por meios próprios, então o número de profissionais vai reduzindo. Evidentemente que isso faz com que aqueles que estão cá dentro da unidade sanitária trabalhem mais horas do que deviam”.
Questionado sobre a disponibilidade de sangue, a fonte respondeu que o HCN tem disponíveis apenas 70 unidades, uma quantidade exígua para as necessidades de um hospital central, sobretudo, neste momento de festas e de manifestações violentas. Disse que para uma situação sem stress seriam necessários acima de 200 unidades de sangue. “E como posso dar só a título de exemplo, é que nós ontem (24) gastamos mais de 35 unidades para conseguirmos salvar as pessoas”.