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Portadores de deficiência visual pedem que a educação seja mais inclusiva no país

Foto: O País

O pedido foi feito, este sábado, em Maputo, no âmbito da comemoração do dia internacional da bengala branca, estabelecido pela Federação Internacional dos Cegos, em 1970, para consciencialização das necessidades deste tipo de deficiência.

A educação é um direito e dever de cada cidadão, tal como consagra a constituição da República de Moçambique, entretanto, as pessoas com deficiência vêm-se, muitas vezes, privadas desse direito fundamental.

Nas celebrações do dia Internacional da Bengala Branca, data instituída em 1970 com vista a chamar atenção às necessidades deste grupo social, o tema educação inclusiva soou como um grito de socorro.

No evento central, que mascarou as festividades da efeméride, “O País” conversou com José Chiaule. Ele contou que adquiriu a deficiência visual na infância e desde então enfrentou muito estigma e preconceito. O seu processo de formação é de igual modo deficitário, mas Chiaule vence todos os obstáculos, e já há mais de 20 anos, que dá aulas a alunos do nível superior.

“ Quando terminei o ensino geral, a primeira universidade a que tentei ingressar foi a universidade Eduardo Mondlane, na altura não consegui devido à minha deficiência visual. Depois consegui na Universidade Politécnica. Passado um tempo a UEM me chama para trabalhar como docente e em 2010 comecei a dar aulas”, explicou.

Exemplos como os do professor José são poucos no país. O facto acontece, segundo os membros da Associação de Cegos e Amblíopes de Moçambique (ACAMO), devido à falta de inclusão no sector da educação.

“Os professores ainda não estão preparado para lidar com a pessoa com deficiência visual porque eles não conhecem a grafia braile”, Isaura Baptista-membro da ACAMO

Nas escolas inclusivas, que já existem no país, os membros da ACAMO dizem que há também falta de material didático.

“ O material didático é o grande desafio, porque nós usamos material específico, o país não produz, por isso tem que ser importado. Outro desafio tem a ver com os livros de distribuição gratuita. Até o momento apenas o livro da terceira classe foi traduzido em braile, nós também queremos ter outros livros gratuitos em braile.” Rosita Maló, Secretária da ACAMO.

Para se ter uma ideia da necessidade, a delegada provincial da ACAMO, Emília De Fátima explica que “ Todas (as máquinas de braille) estão avariadas. No momento não temos nenhuma. A máquina de braile é muito cara, custa em torno de 120 mil meticais. O ideal seria termos pelo menos 25 máquinas”.

As reclamações foram feitas no âmbito das celebrações do dia internacional da bengala branca, estabelecido pela Federação Internacional dos Cegos, em 1970, para consciencialização das necessidades deste tipo de deficiência.

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